quinta-feira, 6 de dezembro de 2012





A verdade é que você só vai, 
porque nós dois já te esquecemos
em algum lugar perdido no passado. 
Em Paris.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

 
QUERO COMPARTILHAR A INDIGNAÇÃO E AS PALAVRAS DO ATOR THIAGO ARRAIS EM DEFESA DO NOSSO QUERIDO ATOR SILVERO PERREIRA:

Perplexo, indignado, com a falta de limites da SECULT-CE na sua escalada da ignorância. Não basta ser uma secretaria falida. Não basta pouco ou nada ter feito nos últimos dois anos. É preciso mais. É preciso atacar o pouco que estava funcionando. É preciso atacar o trabalho desenvolvido por um dos artistas mais relevantes desta geração como Silvero Pereira junto a dezenas (talvez centenas) de aspirantes ao ofício teatral, preparando-os para vida, para os desafios do sonho e da profissão artística. É preciso, pois, atacar uma das pouquíssimas coisas que ainda davam certo na famigerada política cultural deste governo. É preciso reduzir a cultura ao deserto completo: este parece ser o sonho de Pinheiro, Cid Gomes e sua turma. E não estou exagerando. Os fatos falam por si. A demissão de Silvero Pereira e de seu trabalho honesto, árduo e consequente é muito mais do que um caso particular. É um símbolo, dos mais doídos, de um governo alheio, brutal, insensível, que deseja semear o deserto cultural neste Estado. Pra mim, é a prova dos nove de que não dá mais pra sonhar um diálogo. A proposta da SECULT-CE é clara: é o massacre cultural. Alô artistas de Fortaleza! Alô mídia! Alô redes sociais! Alô amantes da cultura e da arte deste Estado! É preciso REAGIR! contra "essa gente careta, fraca, burra, covarde" que dizem nos representar. Tanta agressão assim já foi longe demais!
 
 
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Best Singers Ever



Um leitor do blog me perguntou se a Maria Bethânia poderia ser adicionada a minha lista de cantoras preferidas. A minha resposta segue em forma de uma lista das mais mais:

1- Gal Costa
2- Maria Bethânia
3- Nana Caymmi
4- Madonna
5- Björk
6- Maria Callas
7- Edith Piaf
8- Billie Holiday
9- Nina Simone
10- Julie London
11- Peggy Lee
12- Etta James
13- Sarah Vaughan
14- Dinah Washington
15- Ella Fitzgerald
16- Amy Winehouse
17- Cesária Évora


Gosto de mais cantoras, sobretudo brasileiras, escuto muitas: Dalva de Oliveira, Alcione, Vanessa da Mata, Zizi Possi, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Ângela Rorô, Marina Lima, Beth Carvalho, Cássia Eller, Clara Nunes, Nara Leão. Mas na lista estão apenas as que escuto com mais frequência . Estas são as que realmente venero. Adoro vozes femininas, e principalmente cantoras que gritam. Não suporto a voz da Elis Regina.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Definir com uma única palavra: foda!






segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Boa música!


Algumas, só algumas das minhas amadas divas do jazz. 
Estilo musical que amo, e que impera na minha casa, sempre.


Eu tenho ouvido essa música, ela me lembra tanto o meu pai, ele adorava
ouvi-la. Ele amava música. Lembrança da minha infância, e de quando ele
era um herói.


Amo essa música na voz da Peggy Lee, mas não consigo resistir ao glamour da Julie London.


Passei o final da minha adolescência ouvindo Nina Simone.
A primeira coisa significante que dancei foi com uma música dela 'Wild is The Wind'.


Billie Holiday divide com a Gal Costa, com a Maria Callas e com a Madonna
o meu coração no posto de 'cantora preferida'. Ela é a cara da minha casa
nos domingos de manhã, eu e minha mulher cheios de preguiça no corpo.
Foi Wila que me apresentou a Billie quando estávamos começando o nosso
relacionamento.
 .

domingo, 18 de novembro de 2012

Florestas suspensas (caras barbados)

Confesso que estou em uma fase muito sexual, talvez por está compondo um trabalho sobre sexo, erotismo e pornografia. Então passo o dia pesquisando, lendo e vendo putaria de todo jeito. Então estou postando aqui algumas fotos de machos barbados (são os melhores, na minha opinião. E os de bigode também). 
O que vocês acham? Aprovam esses caras? 
















sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Hoje eu acordei tão calado, tão para dentro de mim. Gostaria de não dar uma palavra hoje, pois todas elas são tão desnecessárias. Queria mesmo era ficar quietinho na minha cama e pronto, nada mais.
Hoje eu acordei lembrando do quanto um dia eu amei aquele cara (ele mesmo que todos vocês agora sabem depois que eu rasguei na pré-estréia do meu novo espetáculo), eu o amei tanto, e para quê? Para nada, para ele casar com uma qualquer de beira de praia, e ser esquecido na vidinha dele. Fico feliz que tudo tenha acabado, que eu tenha me livrado de todo o mal que ele me fez.
Algum bem? Não sei se me fez algum, o meu sofrimento foi muito maior.
Aquele amor foi a coisa mais pura, mais bonita e mais triste que me aconteceu, certamente a maior tragedia da minha vida. Mas a gente aprende a se defender, aprende a viver sem, e por fim a esquecer um grande amor. Ontem pensando nisso eu quase fiquei com vergonha de mim mesmo. Fiquei com vergonha de tudo o que fiz por alguém que não merece nem o meu simples 'oi'.

Difícil alguém conseguir romper agora a capa que eu coloquei em mim.
Agora é possível sair na chuva sem se molhar tanto.



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Fantasmas e amores


Madonna 1991 (Vanity Fair)

Saudade de Paris, sempre, saudade de olhar pela 
janela da minha cozinha em Belleville e poder ver
a neve e o silêncio da cidade.

Nunca me senti atraído por homens mais velhos,
na verdade, sempre gostei de garotos entre 18 e
20 e poucos anos, mas este... O tamanho dele, 
a sunga fio dental, o volume entre as pernas,
 tudo nele é perfeito. 

O dandismo sempre será uma inspiração
para o meu estilo de vida.

Eu nunca resisto a uma bunda peluda, e se for redonda
e robusta aí me derruba mesmo. Por sorte tenho a 
minha assim também (homens tenham orgulho de suas
bundas peludas, não há nada mais másculo).


Fortaleza por volta de 1910 (quando a minha cidade era 
linda e as pessoas tinham elegância. Difícil ser elegante
com esse calor do inferno que faz aqui).

Marlene Dietrich (se quer mesmo ser elegante é melhor
começar a estudar essa mulher).

Eu gostaria de viver em uma casa assim, 
com esse estilo de arquitetura.

Fuder sem capa é tudo de bom. Mas...
Os tempos são outros e até os nossos 
desejos pagam caro pela liberdade. 
Melhor ver em foto e filme o 
que não é possível na vida real
(eu achei linda essa foto).

Sou completamente art noveau. Gosto de rebuscado,
gosto de arabescos, de coisas ricas em detalhes.
Nós vivemos em um mundo tão pobre de detalhes...
Hoje é tudo tão liso: da arquitetura aos corpos.

É, acho mesmo que este post é sobre elegância, rs.

E pensar que um dia as pessoas foram assim na minha cidade,
não ficou nada, não há um só detalhe que sinalize que um dia
elas viveram de outra forma. Por quê? Porque tudo isso era 
postiço, e o que não é real some muito rápido.

Paris - Não é do meu acervo pessoal, mas 
me aproximou pela janela, elas são todas muito 
parecidas, e isso me trouxe uma nostalgia boa.

Wila, minha mulher, meu amor, 
dessa e de outras mil vidas.


terça-feira, 13 de novembro de 2012



Fauller aos 34 anos
Juazeiro do Norte - Novembro/ 2012
Varanda do quarto 601, Hotel Panorama



quarta-feira, 31 de outubro de 2012



Eu acordei tão tarde e tão feliz hoje, que se não tivesse apresentação na semana que vem, eu tomaria uma cerveja ao invés de café da manhã. 
Sensação boa de preguiça no corpo, e principalmente sensação de dever cumprido.
Hoje seria um bom dia para ir a praia e saudar a vida.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012




Eu amo a minha nudez. 
Gosto do fato dela não precisar ser artística,
nem assexuada, ou justificada.
E gosto sobretudo de me colocar como 
contra ponto ao tabu da nudez masculina.
É apenas um pau, nada mais. 
Um pau que se contrapõe também a ordem
dos padrões de beleza estabelecidos em 
minha volta (eu sou um homem adulto
e tenho pelos, amo tê-los).

Eu não tenho nenhuma obrigação
em ser politicamente correto, sou um artista, 
e sendo assim, posso escolher o que quero ser.

Eu não tenho domínio sobre essa imagem, 
ela vai correr pela internet, embalar os desejos
de muitos, talvez até de amigos que jamais
confessariam. 
E você vai pensar:
isso tudo é tão de graça... Ele não ganha nada...
Pois eu vos digo: não sejam bobos! 
O que eu ganho se encontra nas bordas.
Eu só estou construindo a imagem
que quero ter. E eu venho ganhando com isso
durante dez anos!

O Mito e a Filosofia



O conceito de mito
O mito tem várias definições, que variam segundo o autor. Um dos maiores mitólogos do século XX, o romeno Mircea Eliade define assim o mito: “A definição que a mim, pessoalmente me parece a menos perfeita, por ser a mais ampla, é a seguinte: o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do “princípio”. Em outros temos, o mito narra como, graças à façanha dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição.” (Eliade, 1972). Para o antropólogo Claude Levy-Strauss o mito é a história de um povo, é a identidade primeira e mais profunda de uma coletividade que se quer explicar. O mitólogo e antropólogo americano Joseph Campbell escreve que “o material do mito é material da nossa vida, do nosso corpo, do nosso ambiente; e uma mitologia viva, vital, lida com tudo isso nos termos que se mostram mais adequados à natureza do conhecimento da época.” (Campbell, 1993).
Nesta frase de Campbell já temos alguma indicação sobre como devemos encarar os mitos: uma mitologia, ou seja, o estudo dos mitos lida com os mitos nos termos que se mostram mais adequados ao conhecimento de uma época – de sua própria época. Exemplo dessa maneira diferente de encarar o mito ao longo da história é que há 250 anos, em um período fortemente influenciado pelo movimento iluminista, os mitos eram pouco valorizados e estudados. Todavia, cerca de cento e poucos anos mais tarde, com o nascimento da sociologia, antropologia e etnografia, vemos que o interesse pelo assunto aumentou, dando-se uma verdadeira corrida às regiões mais afastadas à época, ainda habitadas por culturas originais – como a costa leste da América do Norte, a Oceania, aÁfrica e a América do Sul – para que pudessem ser pesquisados e registrados os mitos destas culturas ditas selvagens. James Frazer, Franz Boas, Bronislaw Malinowsky, Claude Levy-Strauss e Margareth Mead, entre outros, foram os grandes pesquisadores deste período. Seus textos estão disponíveis e serão de grande ajuda para todo estudioso que deseja obter uma compreensão do conceito do mito.
Do que expusemos até o momento concluímos que devemos fugir das explicações simplistas do mito, como: “ficções construídas para aplacar o medo dos homens primitivos perante os fenômenos naturais”, “narrativas pré-científicas para explicar o mundo”, “lendas desenvolvidas pelos sacerdotes para dominar o povo”. Estas definições, apesar de tendenciosas, não deixam de ter um fundo de verdade, mas não mostram uma profundidade de análise.

Origens da filosofia e sua relação com o mito


Mircea Eliade, em sua obra “História das Crenças e das Idéias Religiosas” nos dá uma boa indicação do porque do desenvolvimento da filosofia na Antiga Grécia. Segundo Eliade, a religião grega sempre foi um politeísmo, no qual os deuses tinham comportamento parecido aos dos homens; os mesmos desejos, impulsos e emoções, com a diferença de que eram imortais. A religião grega, pelas suas características, nunca chegou a ser uma religião estritamente normativa e ligada a um povo específico (os gregos também dividiam muitos deuses com outros povos), como o foram a religião egípcia e a judaica.
Os gregos nunca tiveram um Livro dos Mortos ou um Decálogo. Todavia, os relatos dos bardos – entre eles os mais famosos Homero e Hesíodo – influenciaram a  da mesma forma. Não através da criação de leis, impedimentos e sanções, mas através de exemplos da vida dos deuses e dos heróis, a Paidéia, que foram incorporados à cultura grega – da poesia às tragédias, da escultura à filosofia. O historiador Werner Jaeger escreve: “O testemunho mais remoto da antiga cultura aristocrática helênica é Homero, se com esse nome designamos as duas epopéias: a Ilíada e a Odisséia. Para nós, é ao mesmo tempo a fonte histórica da vida daqueles dias e a expressão poética imutável de seus ideais” (Jaeger, 2003). Referindo-se a Hesíodo, Jaeger escreve: “O poema de Hesíodo permite-nos conhecer com clareza o tesouro espiritual que os camponeses beócios possuíam, independentemente de Homero. Na grande massa das sagas da Teogonia encontramos muitos temas antiqüíssimos, já conhecidos de Homero, mas também muitos outros que nele não apareceram.” (Jaeger, 2003). Este o arcabouço cultural da Antiga Grécia. As narrações dos dois poetas eram transmitidas de uma geração à outra, terminando por serem fixadas por escrito em torno do século VIII a.C.
Por volta do século VIII a.C. a população na península grega começa a crescer, forma-se as cidades-Estado e aumenta o comércio ultramarino. Estabelecem-se as primeiras colônias de mercadores gregos na Jônia – região hoje ocupada pela Turquia – e na Magna Grécia, a Eléia – região onde hoje se o sul da Itália.
O comércio a agricultura, a navegação, a construção de canais e de pontes, o contato com outros povos, fizeram com que se formasse nestas colônias gregas uma elite intelectual e econômica, que dominava os mais importantes conhecimentos da época: matemática, astronomia, geometria, línguas estrangeiras, escrita e religiões de outros povos.
No plano intelectual, toda esta vasta gama de conhecimentos fez com que jônios e eleatas passassem a encarar o universo de uma maneira diferente. No plano religioso, ainda conheciam as narrativas míticas de Homero e Hesíodo, as registravam e passavam para as gerações posteriores. Mas aos poucos, estas narrativas foram perdendo seu caráter mítico-religioso e mantiveram apenas sua função política de manutenção das tradições cívicas e das instituições das cidades-Estado.
Dentre esta elite altamente intelectualizada da Jônia e da Eléia, com acesso a todas as novas idéias que circulavam na região do Mediterrâneo à época (já que viviam em cidades cosmopolitas ligadas ao comércio) surge um novo grupo de homens: os filósofos. Estes foram os primeiros a não se utilizarem mais do mito para explicar o mundo e seu surgimento, representando provavelmente o primeiro movimento de laicização da cosmogonia, de tentativa de explicação da origem do universo através de meios racionais – evidentemente limitados pelos conhecimentos práticos (científicos?) da época. Estes pensadores, mais tarde conhecidos como pré-socráticos, apresentaram diversas hipóteses para apontar o elemento do qual todo o universo é constituído. As hipóteses variavam da água (Thales de Mileto na Jônia, considerado o primeiro filósofo), para o infinito (Anaximandro de Mileto, introdutor da filosofia na Grécia continental), até os números (Pitágoras de Samos, filósofo da escola eleata).
Todos os pensadores pré-socráticos tentam explicar o fundamento último do universo e, em termos atuais, poderiam também ser chamados de primeiros cientistas. Fato mais importante neste estudo é ressaltar a importância do surgimento da filosofia, como primeira tentativa de explicar o mundo à parte do posicionamento definitivo e por vezes impositivo das religiões. Aí, neste momento, tem origem a filosofia e todas as ciências que surgiram posteriormente.
Os pensadores pré-socráticos – e mesmo pensadores posteriores – não estão definitivamente livres do mito. Em sua linguagem e na construção de suas idéias ainda são utilizados termos oriundos do pensamento mítico. Em muitos relatos ainda há aparição de deuses (a deusa que aparece a Parmênides) ou referência a eles.

Diferença entre mito e filosofia

O mito é um relato que oferece uma explicação definitiva; o mito não precisa de justificativa. Ao contrário, é o mito que justifica uma sociedade, uma cultura, um costume, como vimos acima.
Da maneira como é elaborado, o mito não é para ser criticado ou discutido. Da mesma forma, ele não precisa ser apresentado através de argumentações – ele simplesmente é comunicado à comunidade por aqueles que se consideram os arautos das Musas ou dos Deuses. Vale aqui lembrar que quando uma religião se apropria do mito; este fica sujeito à crítica e precisa apresentar justificativas.
Como exemplo perfeito disto tome-se o mito da Criação e de Adão e Eva. O relato é mais antigo do que o judaísmo. Daí foi incorporado na religião e desde então precisa justificar­se, já que faz parte de um "plano" efetivo de Deus para com a humanidade, segundo o discurso religioso.
A filosofia é uma narrativa que não oferece uma explicação definitiva, já que a discussão é própria da filosofia. Existem sistemas filosóficos que se pretendiam definitivos; que pretendiam oferecer uma explicação definitiva da realidade. Talvez seja por isso que quase se transformaram em seitas.
Outro aspecto é que a filosofia sempre precisa se justificar. O próprio ato de filosofar já implica a apresentação de uma justificativa daquilo que vai ser dito. Por ser um processo baseado na experiência e/ou no raciocínio lógico, a filosofia sempre está sujeita a criticas.

 Ricardo Ernesto Rose
Jornalista e Licenciado em Filosofia


domingo, 28 de outubro de 2012

Um ponto final. Drástico, mas a vida segue.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012


É quase uma regra; por algum motivo todos os homens bonitos que conheço escolhem mulheres terríveis, elas variam entre piranhas de beira de praia e meninas bobas. 
Em troca lhes dão belas panças (inevitavelmente eles ficam barrigudos) e uma penca de filhos.






sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PARA QUE SERVE A POLÍCIA DO CEARÁ???


Hoje eu acordei com uma puta sensação de impotência. Um sentimento de frustração incrível.
Dormi mal, muito mal. Essa noite, adentrando pela madrugada, eu e minha mulher não conseguimos dormir direito porque fomos incomodados por vizinhos que resolveram fazer uma festinha básica na frente da minha casa, do outro lado da rua. O pior é que essas festinhas estão cada vez mais frequentes. E as minhas ligações para a polícia e para a SEMAN (órgão da prefeitura que mede a poluição sonora) também.
A verdade é que nenhum desses órgãos citados funciona. Tenho vários números da SEMAN, que teoricamente deveriam funcionar e resolver o meu problema, mas nenhum atende.
Pensando que a polícia enfim poderia resolver o meu problema, liguei para o 190, ao todo foram cinco ligações no espaço que quase duas horas. E eu ali ouvindo as desculpas mais descabidas possíveis, dentre elas uma atendente (que é paga com o meu dinheiro de contribuinte, vale ressaltar!!!) desligou o telefone na minha cara. Liguei imediatamente na esperança de ser essa mesma pseudo-policial (eu gostaria de chama-la por outro nome) que iria me atender, mas não foi. Fiz então a minha quarta reclamação, e aguardei mais um pouco. Foi isso: eu esperei uma viatura que não veio, que nunca vem, que nunca aparece quando nós precisamos.
Enfim, depois de desistir (detalhe, a viatura da polícia não deixou de aparecer, o carro passou duas vezes, mas acredito que os infames policiais ali dentro do seu 4x4 com ar refrigerado não acharam barulho o suficiente para parar e tomar qualquer providência, não são eles que dormem no meu quarto, não eles que estão incomodados, não é?)
Uma vontade enorme de falar mil palavrões, de sair naquele portão com uma arma em punho, e fazer a polícia aparecer enfim, nem que fosse na marra, para me levar preso. Pois é só para isso que a ela serve,  para prender cidadãos de bem, que precisam ralar para pagar o salário deles, que não fazem um terço do que deveriam fazer.
Eu liguei uma última vez apenas para falar isso: disse que não precisava mais de viatura porra nenhuma, mas talvez agora, que eu falei um palavrão e desacatei a "autoridade", alguma viatura aparecesse para me intimidar pois era só para isso que eles serviam. E pronto, bati o telefone, na cara de não sei quem.
Só me restou isso, um pouco de desabafo para a polícia que não me serve para nada, nada, eu disse nada mesmo! Pois eu vivo em um país de ninguém, em uma cidade sem lei, entregue as baratas, e a cada vez pior educação do seu povo. Vivo em um lugar em que predomina a lei do 'cada um por si'.
É muito triste pensar que escolhi viver aqui, que eu poderia ter o meu sono garantido em outro lugar, um pouco menos rude, e mais civilizado. Eu sou um artista, preciso de uma ambiente mais delicado para viver, eu sou um atleta, preciso de descanso para render no outro dia. E antes de ser atleta e artista, eu sou um cidadão, não deveria importar se os meus outros vizinhos se incomodam ou não com toda essa algazarra, eu me incomodo, e isso já deveria ser o suficiente para a polícia, ou a Seman, ou o caralho de asas ouvir a minha solicitação e vir interceder por mim.

Feliz dia das crianças!!!


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Platinado ou vintage?


Janeiro 2012

Outubro 2012


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Corpornô

Algumas fotos do CORPORNÔ. 
São registros da primeira cena que apresentamos ao público no penúltimo final de semana de setembro. Aqui apenas eu e Wilemara Barros. Não vou postar as outras fotos das cenas com o restante do elenco, é preciso ter algo guardado para estréia, além das outras cenas que ainda não estão construídas. 
Eu gosto muito dessa cena, gosto sobretudo porque é algo que se aproxima muito do meu dia a dia com Wila, gostamos de nos vestir assim, de ter um estilo de vida como nos filmes de Felini ou Bertolucci. Não é a toa que essa cena tem sido comentada, e generosamente comparada ao cinema italiano. Eu agosto da delicadeza com a qual ela vem sendo construída... Ao som de Maria Callas. Ela é um contraponto da ideia do que a maioria das pessoas têm por 'erótico'.
Acho que esta cena já a princípio responde algumas perguntas: é para isso que serve este espetáculo, para deslocar o olhar do outro. Ele é para o meu público que vem sendo construído ao longo de uma década (para todas aquelas pessoas que foram lá assistir ao trabalho da Cia. Dita).  O Corpornô serve para mudar o mundo... Mas não para mudar todo mundo.






As fotos são de Wládina Fernandes
Segue mais dois textos recebidos por mim nos últimos dias:

Preciso “confessar” que desde que vi o Corpornô pensei e tenho pensado muito sobre esse esboço do trabalho, e de várias maneiras... Na estética, no discurso, no meu desejo, na diversão, na putaria, na reflexão artística...
Percebi muitas coisas sobre minha sexualidade. Muitas coisas sobre a sexualidade de algumas outras pessoas. De como eu e elas lidamos com esse assunto.
Percebi o quão “discreta” eu sou com a minha sexualidade que algumas pessoas chegam a pensar que me passo de puritana... Percebi quantas pessoas que eu considerava serem tão “livres sexualmente”, quando ‘expostas’, são bem mais puritanas do que aquilo que me imaginam ser (e não sou) e que talvez saibam lidar bem menos com o sexual do que eu.
Quantas relações hipócritas ao sentar naquelas cadeiras, ao sentir certas coisas e falsear sobre elas, ao cruzar a entrada do teatro, ao comentar com o outro do que viu e sentiu e de novo fingir ser outra coisa... Quanto medo eu vi. (As pessoas tem mesmo medo de você rsrs).Quanto nervosismo eu percebi nas pessoas por estarem sendo colocadas de frente a uma verdade que é tão delas... Elas não sabem como agir. Eu não sei como agir. Como sou hipócrita também.
Eu sei que eu não vi nem o começo do trabalho praticamente, mas realmente mexeu comigo (artística e sexualmente falando rs).
Não queria deixar nenhuma análise crítica ou formal... Queria mesmo apenas compartilhar com você algumas coisas. Ainda tenho muitos pensamentos quanto ao trabalho, alguns ainda não consegui escrever ou organizar na minha cabeça.

Jéssica Cruz - Bailarina




Parabéns e obrigado pelo trabalho!
Pensei muitas coisas, me senti cúmplice de alguma maneira, me identifiquei sobre tudo com com a sua vontade e seu desejo.
Enquanto pedalava no caminho de volta para casa pensei sobre ser artista, sobre ter questões pessoais que são ou transformam-se em questões para o mundo, pensei em gênero, linguagem artística, pensei no corpo como ferramenta/instrumento e no corpo como a própria linguagem, assim como o teatro a dança, enfim.
Quero dizer o que tive vontade de falar depois da colocação da Silvia e não tive oportunidade, é que para mim a sexualidade está presente o tempo todo sim, tem horas que é muito cu, rola, priquito, peito e mesmo assim não basta porque da vontade de ver mais, eu tive vontade de ver mais, ainda tinha minuta coisa para ver antes de começar a reparar nas feridinhas, mas o bom é que o que eu não vi eu faço questão de fantasiar.
Adoraria que você tivesse assistido a segunda versão do catecismo para conversarmos sobre algumas questões próximas e distantes dos trabalhos.
Meu querido, eu tive vontade de escrever algo mais belo, extenso e formal rsrs, mas a minha cabeça é um turbilhão e organização de ideias não tem sido o meu forte, mesmo assim senti a necessidade de escrever por aqui mesmo.
Por favor, diga a Wila que eu mandei um grande abraço e um cheiro no olho, admiro demais vocês dois em suas individualidades e enquanto um casal lindo e autentico.
PS: As vezes eu tenho medo de você e de vocês, mas é porque eu tenho medo de mim também.

Thiago Pinheiro Braga - Bailarino e Coreógrafo



domingo, 30 de setembro de 2012

Indo dormir pensando em como a vida é boa.
Queria que esse momento que vivo não passasse.
Queria poder suspende-lo infinitamente.  




quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Foram dias tão intensos que eu poderia escrever esse texto degustando uma taça de vinho. Justo eu, que sempre evito beber vinho. Primeiro porque não suporto a ressaca do dia seguinte, segundo porque sempre evito lembrar do que não me faz bem.
Foi um mês tão intenso, de trabalho árduo que se eu tivesse pelo menos mais dois dias daquela forma teria um piripaque em qualquer lugar.
Me entreguei de corpo e alma ao trabalho, me joguei de cabeça, sem possibilidade de volta, ou de arrependimento. Sacrifiquei os meus domingos sagrados de pernas para o ar, as tardes cuidando do meu quintal, as horas de ócio que eu tanto aprecio.
Entrei em temporada, e entrar em cartaz é sempre uma força de ir para a guerra. Eu me preparo mesmo! Devoro tudo que vejo pela frente: livros, filmes, a inteligência dos amigos e dos críticos. Vou a academia feito um desesperado (meu personal trainer dizia: você vai ter um troço, e eu respondia: só mais um pouquinho, vamos!), e também a sala de aula: ensaios, ensaios, ensaios. Eu não vivo sem isso.
No final de todo o mês eu estava tão arrasado de cansado físico e mental. Joguei toda a minha energia nos meus espetáculos, sobrou pouca coisa. Terminei a temporada precisando de um domingo só meu, do meu quintal (que há poucos dias parecia cenário de um filme de terror, tamanho o abandono; minhas plantas caídas pelo chão, me pedindo um pouco de atenção. Fui acudir as minhas filhas, rsrs). Enfim, dois dias de descanso total, enfim ócio, horas dormindo, horas vendo as bobagens da televisão... Que coisa boa! Eu havia esquecido como é simples ser feliz, como é simples olhar a vida, sem precisar de tanto.
Mas eu simplesmente amo a audiência, e sei que logo vou querer mais, querer ficar de bobeira não é o meu forte.
Eu ando em um momento tão pleno, que acho estranho, chego a ter medo, que bobo que eu sou, medo me sentir feliz.
E aí eu olho as coisas em volta, as pessoas... Agora, faz parte da minha vida apenas o que tem que fazer, nada mais, nem um minuto, nem um fio de cabelo de quem não pode permanecer ao meu lado.
Olho para mim, e vejo que estou me tornando o artista que sempre quero ser. Eu não reproduzo discursos, não ajo pelas aparências, eu peito de frente, e para isso é preciso ter tutano, sangue frio na hora certa. Isso é cada vez mais forte no meu trabalho. Não tem meio termo, ou ama-se ou odeia-se.
Sinto um orgulho danado pelas escolhas, pelo De-vir ter sido feito quando todos diziam para eu não faze-lo, orgulho pelo INC. ter sobrevivido ao tempo, pelo L'après Midi d'un Fauller agora ser o trabalho da minha companhia preferido por algumas pessoas. Isso se chama insistência na coisa. E sinto orgulho do ainda bebê, e frágil Corpornô; ele vai crescer virar adulto porque já nasceu cheio de opinião, cheio de vontade de ser livre como o pai dele.
Eu voltei queridos!!! Para a alegria dos que me amam, e para o desespero dos que não me suportam. Eu não quero ter um milhão de amigos, eu só quero ser de verdade. Por mais feio que isso pareça.

Recebi até pedidos para não deixar de habitar o meu blog... Gargalhadas mil (fica aqui o entredito).
Agora eu não tenho mais nada a esconder.


A melhor música do mundo para corações arrebatados pelo amor.

Para os meus amores brasileiros.
A primeira música "Trenzinho Caipira" fará parte da
trilha do meu espetáculo L'après Midi d'un Fauller









quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Três textos sobre o Corpornô


Texto 01 (Rogers Sousa - Historiador)


Esse fim de semana assisti um espetáculo "Corpornô" da Cia DITA by Fauller Dandi que trás algumas reflexões na forma de pensar o corpo e a relação com a sociedade. Tratar de um tema delicado como é o sexo numa sociedade com bases romana-judaíco-cristã, onde o sexo é algo ainda proibitivo, que se encontra no espaço das alcovas, é mexer como o imaginário das pessoas, incomodá-las, chocá-las mesmo.
A arte é um discurso, e como o mestre Foucault fala, o discurso "é pensado, é planejado", é separado para atingir um objetivo, ou seja, não há ingenuidade nesse discurso, é algo pensado, é algo separado e provocativo. O Corpornô fala de liberdade, de expressões de liberdades humanas, fala daquilo que desejamos falar, de nossas experiências ditas e não ditas, fala de CORPO, de alma e do desejo de sugar a alma. Esse espetáculo não é ingênuo, tem uma finalidade, extremecer paradigmas, pois estamos no século XXI e falar de sexo é algo que nos faz rir, gracejos, proibido? Falar sobre sexo, não falo de sexualidade, sexo é um SEGREDO, numa sociedade puritana, que se reconhece pessoa de fé, temos a percepção de que somos seres que buscamos o prazer, o prazer....O PRAZER DOS "ANORMAIS", socialmente, quem expressa seu prazer, seja ele de que forma... Ou é anormal? (de novo Foucault)...Esse espetáculo é uma expressão do desejo de desejar....Será visto por muitas pessoas, e cada uma terá sua reação, sobretudo uma reação que me incomodou..."Há, por que não tem homens heteros no conjunto?" - ainda somos limitados quando se fala de sexo, não acredito que nossa sociedade o trata como algo normal, apesar de ser natural....Concluo minnhas idéias com a seguinte senteça: "SÓ ME DIRIJO ÀS PESSOAS CAPAZES DE ME ENTENDER, E ESSAS PODERÃO LER-ME SEM PERIGO". Marquês de SADE......



Texto 02 (Victor Hugo - Ator)

Não se tornou banal. Transar é uma coisa natural, como comer, cagar, peidar. É um impulso orgânico dotado de instinto. Fome é instinto, sono é instinto, tesão é instinto. Não creio que seja por termos a noção de perpetuação da espécie. Nosso corpo pede, é somente o prazer sexual. Tinha uma tia que me dizia, que temos que trepar, senão o ovo pesa, dói. Sem localizar a angústia do não sexo nos ovos, abramos para o corpo todo. Sexo é uma necessidade, gozar é uma necessidade. Sentir a pele do(s) outro(s) é necessidade.
A primeira frase que coloco é com relação ao que a Silvia Moura disse. Em nenhum momento achei banal ou vazio. Depois dos depoimentos de cada um, a primeira cena mostra um homem e uma mulher com um conjunto indumentário que me remeteu a uma condição econômica e social boa. Ele chega com o pão, em toda família acontece isso, alguém compra as coisas para a casa, era uma família normal. Até que ela derruba o homem, ensaca a sua cabeça com o saco de pão e cai de cara em seu rabo. Ali, é como se ela estivesse dominando ele. Mas não quero focar nessa relação de dominação, ou fetichista, ou o que quer que seja. Para mim, ficou claro que todos nós somos capazes de ter a nossa sexualidade da forma que bem entendermos.
O que se seguiu foi consequência deste pensamento[1], aí reside a minha discordância da Silvia, há diferença entre banal e natural.
Banal:
adj. Sem originalidade: elogios banais.
Comum, trivial, vulgar, chato.
Natural:
adj. Que se refere ou pertence à natureza.
Produzido pela natureza ou de acordo com suas leis.
Espontâneo, simples, desafetado.
s.m. e s.f. Habitante ou originário de um lugar; indígena (mais usado no plural).
S.m. Caráter, índole, inclinações de uma pessoa: o natural do homem.
loc. adv. Ao natural, conforme à natureza, à realidade, ao original: pintar alguém ao natural; sem tempero, sem preparo, servido sozinho: peixe ao natural.”

Lembro-me de um incomodo que tenho desde a adolescência. As pessoas tem uma necessidade de mostrar um puritanismo[2], muitas vezes hipócrita. Então, se sexo é uma coisa natural, do ser humano, por que tratá-lo como um demônio particular?  Talvez a Igreja Católica nos ajude a responder por que nesses, aproximadamente, 1800 de sua existência fomos obrigados a colocar a nossa sexualidade dentro de um saco de pão. Que no dia seguinte já está duro, seco e só presta para fazer torrada.



[1] Falo com relação a minha percepção, não sei se é necessário lembrar, mas o que estiver contido aqui é relacionado à mim, como se passou para mim.
[2] Refiro-me à todo comportamento controlado por algo ou alguém, mesmo que não saibamos o que ou quem.




Texto 03 (João Paulo Pinho - Ator)


Não é a pornografia que é obscena, é a fome que é obscena.
José Saramago

Deixarei de lado a badalada discussão sobre a diferença entre o erótico e o pornográfico, tão comentada durante a conversa ao final do espetáculo Corponô. Acredito que deter-me a isso seria tornar raso o universo trabalhado pela Cia Dita no experimento apresentado, restringindo o debate apenas para a questão da linguagem. E o nosso universo (como o do espetáculo) vai além do que exprime a linguagem, adentra o campo do inefável.

Corpornô traz para a cena o que trazemos no corpo desde muito cedo, o prazer sexual. Freud foi quem quebrou o mito da “infância inocente” ao estudar o prazer sexual em crianças. A teoria da sexualidade, segundo Freud, justificaria grande parte de nossos traumas e conflitos da fase adulta. O modo repressor como a sociedade, ao longo de sua história, vem tratando o tema revela o quanto ainda temos para evoluir na questão. Transpor para o palco essa problemática é sem dúvida um desafio grandioso, seja no campo do pudor social em relação ao tema, seja no campo da investigação pessoal de cada artista do trabalho, que expõe não só seu porco erótico, mais a fragilidade de toda a sociedade.

O espetáculo, que encontra-se em processo de construção, já nos revela um pouco do olhar do coreógrafo e diretor Fauller sobre o tema. O erótico e/ou pornográfico estão em função arte. A plasticidade dos corpos nus, as formas e imagens criadas transportam o espectador para o campo do desconforto. É possível assistir ao espetáculo e perceber o tema não só na postura solta e desenvolta dos bailarinos. Corpornô é também o corpo retraído do espectador que se retorce na cadeira com seu desejo incontrolável de expressar prazer. O espetáculo cede espaço para a intervenção. O corpo deseja. A mente julga.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Fim de temporada!



Chegamos ontem ao fim de mais uma temporada da Cia. Dita.
Foi incrivelmente compensador, embora cansativo. Não foi fácil ensaiar, dirigir e produzir quatro espetáculos em um único mês.
Foi bacana poder comemorar os 10 anos de De-vir, poder fazer um despedida ao altura do talento do bailarino Marcelo Hortêncio.
Poder apresentar as modificações do INC. e sentir que ele agora tem um peso equivalente ao De-vir. Muitas pessoas o preferem.
Foi lindo poder me reencontrar com o projeto L'après Midi d'un Fauller, poder revisitar a Tropicália, o Manifesto Antropofágico, a Semana de Arte Moderna, Hélio Oiticica, Lygia Clark...
E por fim, neste último final de semana poder apresentar uma pequena mostra do novo trabalho CORPORNÔ, e poder sobretudo conversar com a platéia. Corpornô é um projeto ainda muito novo, em fase de amadurecimento, mas com uma potência talvez só vista no De-vir. Teatro lotado os dois dias, gente voltando... As pessoas se interessam sim, e muito, por sexo. Inclusive as que não gostam. Estavam todas lá.
Hoje eu acordei pensando em como este projeto coloca uma lupa sobre o público, isso faz com ele se reconheça, ou estranhe muito. As fragilidades de cada um aparecem, as pessoas saem querendo fuder, querendo dançar, querendo pensar, apáticas, ou putas da vida. Depende do que cada um reconhece em si como erótico, como sexual, como pornográfico. 
Corpornô é sobretudo um projeto feliz, feito por pessoas felizes, e em um momento em que me sinto muito pleno como pessoa e como artista. É nítido a liberdade que sinto ao por a mão na massa. E eu acho que quando se é infeliz, mal comido, ou mal amado, as coisas podem sair bem erradas, quero dizer, entendidas bem erradas, tive essa sensação nos dois dias apresentação, com as pessoas que mais se incomodaram. 
Mas não estou aqui para julgar a minha platéia, cada um recebe a obra como quiser, e com as referências que tem. 
Ouvi muitas pessoas, desconhecidos e amigos, recebi boas críticas, coisas que vou guardar e filtrar para o trabalho. 
E claro, que a essas alturas eu não sou mais um menino como no primeiro experimento do De-vir, agora eu tenho uma trajetória (ela tem tanto peso, ou mais do quem fala, fala, e fala), sei do que estou falando, e o Corpornô é sim muito pau, muito cu, muita buceta, é sim, quero que seja.