quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Foram dias tão intensos que eu poderia escrever esse texto degustando uma taça de vinho. Justo eu, que sempre evito beber vinho. Primeiro porque não suporto a ressaca do dia seguinte, segundo porque sempre evito lembrar do que não me faz bem.
Foi um mês tão intenso, de trabalho árduo que se eu tivesse pelo menos mais dois dias daquela forma teria um piripaque em qualquer lugar.
Me entreguei de corpo e alma ao trabalho, me joguei de cabeça, sem possibilidade de volta, ou de arrependimento. Sacrifiquei os meus domingos sagrados de pernas para o ar, as tardes cuidando do meu quintal, as horas de ócio que eu tanto aprecio.
Entrei em temporada, e entrar em cartaz é sempre uma força de ir para a guerra. Eu me preparo mesmo! Devoro tudo que vejo pela frente: livros, filmes, a inteligência dos amigos e dos críticos. Vou a academia feito um desesperado (meu personal trainer dizia: você vai ter um troço, e eu respondia: só mais um pouquinho, vamos!), e também a sala de aula: ensaios, ensaios, ensaios. Eu não vivo sem isso.
No final de todo o mês eu estava tão arrasado de cansado físico e mental. Joguei toda a minha energia nos meus espetáculos, sobrou pouca coisa. Terminei a temporada precisando de um domingo só meu, do meu quintal (que há poucos dias parecia cenário de um filme de terror, tamanho o abandono; minhas plantas caídas pelo chão, me pedindo um pouco de atenção. Fui acudir as minhas filhas, rsrs). Enfim, dois dias de descanso total, enfim ócio, horas dormindo, horas vendo as bobagens da televisão... Que coisa boa! Eu havia esquecido como é simples ser feliz, como é simples olhar a vida, sem precisar de tanto.
Mas eu simplesmente amo a audiência, e sei que logo vou querer mais, querer ficar de bobeira não é o meu forte.
Eu ando em um momento tão pleno, que acho estranho, chego a ter medo, que bobo que eu sou, medo me sentir feliz.
E aí eu olho as coisas em volta, as pessoas... Agora, faz parte da minha vida apenas o que tem que fazer, nada mais, nem um minuto, nem um fio de cabelo de quem não pode permanecer ao meu lado.
Olho para mim, e vejo que estou me tornando o artista que sempre quero ser. Eu não reproduzo discursos, não ajo pelas aparências, eu peito de frente, e para isso é preciso ter tutano, sangue frio na hora certa. Isso é cada vez mais forte no meu trabalho. Não tem meio termo, ou ama-se ou odeia-se.
Sinto um orgulho danado pelas escolhas, pelo De-vir ter sido feito quando todos diziam para eu não faze-lo, orgulho pelo INC. ter sobrevivido ao tempo, pelo L'après Midi d'un Fauller agora ser o trabalho da minha companhia preferido por algumas pessoas. Isso se chama insistência na coisa. E sinto orgulho do ainda bebê, e frágil Corpornô; ele vai crescer virar adulto porque já nasceu cheio de opinião, cheio de vontade de ser livre como o pai dele.
Eu voltei queridos!!! Para a alegria dos que me amam, e para o desespero dos que não me suportam. Eu não quero ter um milhão de amigos, eu só quero ser de verdade. Por mais feio que isso pareça.

Recebi até pedidos para não deixar de habitar o meu blog... Gargalhadas mil (fica aqui o entredito).
Agora eu não tenho mais nada a esconder.


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