domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mc Dhomen's

Neste trabalho Fauller tece uma comparação entre suas relações (seus ex-namoros) e a comida fast-food. O trabalho foi apresentado no porão do Theatro José de Alencar.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cabaret INmagem

Meu primeiro espetáculo criado, 2001, é claro que não é grande coisa, e não mostro a ninguém, OMG.

Manifesto Antropofágico

Pessoas, coloquei aqui a disposição de vocês essa obra íncrível que muito me norteou durante a composição do meu solo "L'après midi d'un Fauller", e que eu sempre volto a lê-lo (devora-lo), penso que todo brasileiro deveria estudar o manifesto na escola, só assim seriamos menos "bundões", menos "colonizados", rs.



Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaig-ne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.

Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.

Catiti Catiti

Imara Notiá

Notiá Imara

Ipeju*

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.

A alegria é a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães

Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.





terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fauller dançando "Cover" no Centro Nacional da Dança (Paris)

IT's a Long Way (Caetano Veloso)

Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way

Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei
Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou

It's a long road

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor

No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Toda estética é política

Estava eu outro(s) dia(s) tendo uma série de conversas, na verdade desenvolvendo um diálogo muito prazeroso e perturbador com uma amiga sobre estética.

Tudo começou por conta de uma série de fotos de homens não depilados no peito e nas axilas, coloquei as fotos em outro site, e o nome do álbum era "Toda estética é política".

A tal amiga, escreveu alguns comentários como: "eu prefiro uma pele lisinha”, ou "nossa, isso me da uma sensação ruim". Ao trocarmos mensagens sobre as imagens, percebi que tal conversa alimentava uma reflexão muito abrangente sobre a tal estética e inúmeras coisas que estão diretamente ou indiretamente ligadas a ela, como ética, senso estética, as cidades e as nossas relações com estas cidades e com as pessoas que nos cercam, e que nelas habitam.

Penso que está tudo ligado,nada se desconecta, e uma coisa vai puxando a outra como uma rede de informações que vai formando o que cada um é, dia pós dia.

Quando eu coloco uma série de fotos de homens peludos, ou não depilados, eu estou mesmo sem falar, ou legendar nada, afirmando uma das minhas escolhas estéticas, a que acha mais bonito homens com pêlos.

Agora, eu não iria escrever um texto sobre isso apenas por um gosto pessoal, e sim porque isso pode me servir de gancho para falar sobre as nossas escolhas, e elas, arrisco falar, sempre têm haver com o meio em que estamos inseridos. É como aquela outra estória: você é o que você pensa, e você pensa o que ler. Dessa mesma forma, vale arriscar que uma pessoa que nunca saiu do seu bairro vai se relacionar com a cidade, consigo, com os outros e com a vida a partir da experiência em seu bairro, claro, e assim por diante, a formação dos gostos, das escolhas estéticas vão se refinando e amadurecendo a medida dos deslocamentos geográficos, também.

Porque é claro que existem pessoas que nunca saíram de suas cidades e são extremamente refinadas, antenadas, e outras que já tiveram inclusive todas as chances de sair, e continuam com um pensamento pequeno, típico das províncias.

O que determina você usar uma pochete ou não, depilar o peito, o cu e as axilas ou não mesmo, usar piercing no umbigo ou não é o meio em que cada um está inserido, e a capacidade que cada um tem de se relacionar com esse meio.

Tudo determina um pensamento estético, inclusive o caráter. Toda política também é estética.



Produto de 1ª

Criada em 2007, a performance/ instalação com vídeos passou por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza e Berlim.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pela Noite

'É preciso cuidado com o arisco, senão ele foge. É preciso aprender a se movimentar dentro do silêncio e do tempo. Cada movimento en direção a ele é tão absolutamente lentoque o tempo fica meio abolido. Não há tempo. Um bicho arisco vive dentro de uma espécie de eternidade. Duma ilusão de eternidade. Onde ele pode ficar parado para sempre, mastigando o eterno. Para não assustá-lo, para tê-lo dentro de seus dedos quando eles finalmente se fecharem, você precisa estar dentro dessa ilusão de eterno.'
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

BE DIVA

Wilemara Barros não sonhou ser "diva", Wila para os mais íntimos nasceu diva em 11 de abril de 1964 em Fortaleza - Ceará. Aos 11 anos seu primeiro professor de balé clássico a castigava dizendo que ela jamais seria uma bailarina clássica, e que ela havia nascido para ser uma "mulata Sargentele", uma daquelas mulatas lindas que sambavam com o velho mestre do samba no Rio. E é claro que para uma criança que queria ser uma princesa do balé clássico isso era a morte (ela fazia sua aula aos prantos), pobre menina. Mau ela sabia que quase 20 anos depois, seu ex-professor a veria em uma audição para bailarinos, e a chamaria no canto dizendo: você estar linda!
Ora, a essas alturas ela já era Wilemara Barros, a maior bailarina do Ceará.
Confesso, que quando eu a conheci, não entendia bem todo o bafafá em torno do seu nome, pra mim ela era apenas uma bailarina mais experiente, e de diva não tinha nada, era muito diferente de todas as "divas" que eu conhecia, quero dizer, eu só conhecia essas "divas" do cinema, de Hollywood, tudo fabricado. E além do mais estavamos flertando com ela, eu me sentia atraído pela mulher de carne e osso, e não por uma "diva".
Constato hoje, que graças a isso é que realmente podemos desenvolver uma relação de verdade na vida pessoal, e uma relação tão duradoura no campo profissional, eu consigo tocar na diva, tocar a diva.
No entanto agora consigo pensar sobre a carreira de uma mulher que começou com a técnica clássica, passou pela dança moderna, neo-clássica, até finalmente chegar a dança contemporanea, aos vídeos-dança, aos shows na noite de Fortaleza, ao cinema, sendo queridinha de cineastas e estilistas de nome, tudo isso contribuiu para a construção do seu nome.
 Honestamente, acho que Wilemara Barros é uma mulher/artista muito poderorosa (ela não busca poder como essas "porras" da política de dança do Ceará, não tenta aparecer a qualquer custo, e no entanto o seu nome está aí a mais de 30 anos presente em todos os grandes eventos da dança do estado), mas seu trunfo não é ser "poderosa", e sim aberta a novas possibilidades, Wilemara Barros pode atuar no longa-metragem de um grande cineasta, mas também pode apostar em um jovem e desconhecido coreógrafo.
Wilemara Barros uma diva que se construiu ao longo dos anos, transita entre os mundos e entre as linguagens...afinal qual a receita?
Nenhuma!!!
Divas não podem ser produzidas, nem reproduzidas, nem mesmo as de hollywood.
Ah! E só pra terminar, eu não acredito em nenhuma diva com menos de 40 anos.