quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Hoje é um dia especial. Tenho mais uma estréia logo mais a noite.
Estou morrendo de sono, há dias não  consigo dormir direito, parece
que vai ser a primeira vez que vou subir no palco. E que palco!!!
Será no Theatro José de Alencar (centenário), este teatro é mesmo
um espetaculo, lindo de viver!
Nele eu dançei outras coisas muito importantes, como: a estréia mundial
do espetáculo "Cover", a apresentação magistral do espetáculo "De-vir", única desse trabalho naquele palco.
E foi nele que eu pisei pela primeira vez pra dançar. Eu era um menino, tinha cabelos longos e nada na cabeça, nem tinha noção de onde estava pisando. Um solo sagrado!!!
O TJA, como nós artistas da terra o chamamos, é um espaço sagrado, a nossa segunda casa.

Enfim, eu cresci naquele palco, como pessoa e como artista, e hoje eu dançarei "A caderinha e Eu", um trabalho originalmente concebido pela coreógrafa Silvia Moura. Eu cresci vendo este trabalho, ele tem 17 anos.


Quando eu subir no palco quero apenas poder ser generoso, verdadeiro!


Um artista não pode mentir, nem fazer de conta.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um pouco sobre "A Cadeirinha e Eu"



Acordei as 06:30h da manhã. Deveria estar dormindo, me recompondo, pois tetrei um dia longo, meus dias andam longos, cheios de anseios.

Mas acordei com a diaba da cadeirinha na cabeça, e tem sido assim; durmo, almoço, choro, trepo e acordo com ela na cabeça.

Uma das minhas primeiras lembranças de algo de dança é a de uma mulher baixinha, cabelos longos, corpo tipo violão, dançando e toda se contrcendo com uma cadeirinha, ela fazia caras e bocas ao som de Lorena Mckennitt (é o novo). E aquilo foi tão forte que passaram-se mais de 15 anos, e continua sendo forte.

Não sei ao certo se a "cadeirinha" era a protagonista, ou mera codjuvante do talento daquela mulher que a embalava como uma criança. Mas a única coisa que eu não tenho dúvidas é de que já não se separa mais uma da outra, para todo o sempre elas estarão ligadas. Por mais que eu e mais todos os bailarinos da cidade, do mundo decidam fazer suas releituras, suas homenagens (sim porque quando uma morrer, usaremos a outra para falar do quanto ela foi importante).

Tanta coisa me vem a cabeça, queria poder escrever um texto lindo, mas se ele for sincero já tá valendo.

Lembro tanto de mim quando vejo o trabalho que já existe, e quando tenho que pensar sobre o que tenho a fazer... Lembro de quando cheguei ao teatro aos 15 anos, já passaram-se 18. Lembro da minha ingenuidade, da minha fome de querer o mundo, dos meus longos cabelos ...

Eu cresci e amadureci como pessoa, como artista, como bailarino vendo "A Cadeirinha e Eu", e agora terei de dança-la, como dança-la? Como tocar em algo que foi referência para mim durante tantos anos?

Eu ainda gostaria de voltar pra cama e poder dormir, eu preferia não pensar na bienal de dança, nem em compor um novo sucesso, não trata-se disso. Acho que vou apenas continuar ninando as minhas idéias, ninando as minhas lembranças, ninando 'ela mesma' ao som do mar.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu sou vintage





As vezes parece-me que não sou dessa época.
Não sinto atração por celulares de última geração,
não me atraio por mulheres nem por homens moderninhos,
não sonho em ter o carro do ano.

Eu gosto mesmo é lustres de cristais (austríacos, ou franceses),
casacos de pele, cartolas, suspensórios,
bengalas com apoios cromados, jóias retrô.

Gosto de homens e mulheres que parecem de ter saído de um filme de Luchino Visconti,
ou vindos da Paris dos anos 20 e 30.

Aos poucos a minha casa vai ficando assim...
Também ando de novo visual (as pessoas me olham estranho na rua, da mesma forma que muitos acham estranho o fato de eu ainda ter pelos, mas eu sustento:
eu sou de outra época! kkkkkkk).

E embora viva cercado por câmeras digitais e lap-tops,
gosto mesmo é do brilho de outro tempo.
Um brilho que não há nem de longe nas coisas, nas pessoas,
e no amor dos dias ruidosos em que eu vivo.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dragão do Mar - Formação em crise

Uma das áreas de atuação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), a formação funciona sem continuidade de ações, por insistência da classe artística
Gestora do Café Teatro das Marias - uma das casas que fomentam a cultura que sobre-existem no entorno do Dragão do Mar - e diretora da Cia Vatá de Dança, Valéria Pinheiro reclama ainda da falta de diálogo da casa com os equipamentos de seu entorno. "A única relação com o entorno é que ele nos manda o folheto da programação. Não existe qualquer tipo de diálogo para fazer uma programação itinerante, por exemplo. Nossa parceria maior tem sido com o Sesc", brada.

Ela aponta que as únicas programações fomentadas pelo próprio centro cultural todas foram gestadas nos fóruns organizados pelas categorias artísticas, a exemplo do Teatro da Terça, Quinta com Dança, do Domingo Musical, etc. Valéria reclama ainda que são insuficientes para abarcar horários ociosos durante a semana. "Eu moro do lado, convivo e vivo do lado. O centro cultural é absolutamente parado até 17 horas". E polemiza: "é o dragão que menos solta fogo no mundo. É de brinquedo".
Três pilaresConcebido originalmente sobre três pilares - difusão, fomento e formação -, o Centro Cultural tem este último talvez como o mais esquecido. Diversas salas inicialmente dedicadas ao ensino foram inclusive ocupadas por setores administrativos.

O único projeto de formação continuada que permanece em atividade é o Curso Técnico em Dança, que hoje aguarda a liberação de recursos por parte da Secretaria da Cultura para dar sequência aos oito meses finais e formatura de sua terceira turma. Criado em 2005, o curso foi uma demanda do Fórum de Dança do Ceará, e é realizado pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC - Organização Social responsável por gerir o CDMAC), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem (Senac) e Secult/CE.

A coordenadora pedagógica, Andréa Bardawil, minimiza a incerteza em relação a liberação da verba, o que, segundo ela, deve acontecer nos próximos dias. Ela destaca a importância de ações voltadas para formação artística no Estado. "Grande parte dos trabalhos de finalização das turmas estão circulando hoje em projetos de formação de plateia de centros culturais. Eles também marcam uma nova geração de criadores que começam a ter projeção nacional", defende.

Bardawil atribui a falta de políticas duradouras de cultura como um dos entraves para atividades de formação continuadas. "O grande mérito do curso ter se mantido gestão após gestão foi o posicionamento da classe artística. Porque tem que renovar recurso, renovar parceria", explica. O curso já possui duas turmas formadas e está em fase de conclusão da terceira.

Ela lamenta ainda que com o fim do Instituto Dragão do Mar tenha havido uma quebra na política de formação do Estado. "A expectativa com a extinção (do Instituto) é que o Dragão do Mar cobrisse essa lacuna e isso não aconteceu, até agora. Existem tentativas, mas sempre uma coisa descontinuada. É um vácuo", lamenta.

Enfim a classe se manifesta, o que me deixa muito orgulhoso, e feliz, por saber que não sou o único artista cearense descontente com a atual gestão cultural do meu estado.
Publicado em 16 de outubro de 2011 
Principal equipamento de fomento cultural no Estado, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura tem seu funcionamento limitado, com quase nenhuma atividade formativa e difusão quase restrita a iniciativas externas. Artistas reclamam da falta de diálogo e dificuldade no acesso aos espaços para apresentações
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é hoje uma referência nacional quando se fala na cidade de Fortaleza, sendo um dos principais pontos de visitação turística da Capital. É nele e em sua vizinhança que se concentram grande parte das ações culturais da cidade, a exemplo da Bienal de Dança, da Feira da Música, atualmente a Casa Cor, além de receber seminários, peças teatrais, exposições, etc. São pelo menos 4,5 milhões de visitantes e 8,5 mil eventos realizados entre 2007 e 2010.

A movimentação cultural e a circulação de pessoas em números absolutos escondem, porém, uma realidade um tanto diferente: um centro cultural que pouco investe em formação continuada, com ações de difusão limitadas à um edital de ocupação insipiente e com uma programação em grande parte promovidas por outros atores culturais. Artistas locais reclamam ainda do pouco diálogo e do ociosidade dos espaços na maior parte da semana. O público concentra-se nas noites e nos finais de semana, e em grande parte frequentam apenas bares, restaurantes e boates do entorno, em detrimento das atividades culturais.

Território vasto
O equipamento cultural conta com 30 mil m² de área construída, dois museus, anfiteatro, teatro, auditório, planetário, cinemas, duas praças entremeando sua estrutura além de um vasto espaço aberto e possível às mais diversas ocupações. O que era para ser o dinamizador da produção cultural cearense - e que sob alguns aspectos teve sucesso - corre o risco de cair na inércia que paira hoje sobre a política cultural do Governo do Estado do Ceará.

À parte as imagens que são vendidas aos turistas e para quem circula de passagem pelo CDMAC, sob o crivo dos artistas e produtores culturais, muito se tem a dizer sobre esta realidade do centro cultural. O músico e produtor Isaac Cândido aponta questões como a falta de divulgação para quem frequenta o espaço, mas não participa da programação. "Quem está no entorno não está sabendo o que está acontecendo no Dragão do Mar. A maioria dos espetáculos estão tendo problemas em relação a público", aponta.

Isaac reclama ainda das poucas iniciativas promovidas pelo próprio centro cultural e da falta de incentivo aos artistas locais. "Antes, (o CDMAC) fazia parcerias, dando estrutura e dividindo a bilheteria de um show com o artista, por exemplo. Hoje, faz projeto com cachê pequeno, sem som e sem estrutura", reclama.

Entre os entraves, ele aponta a cobrança de altas taxas de ocupação dos espaços do Centro. "O anfiteatro está impossível (de se utilizar), hoje em dia. A não ser que você faça projeto com lei de incentivo ou tenha patrocínio. É uma pauta cara e você ainda tem que alugar luz e som", diz.

Segundo informações do próprio CDAMC, atualmente, a pauta do espaço custa R$ 1,2 mil, sem equipamentos de som e de iluminação, como destacou Isaac. A pauta do palco nobre do centenário Theatro José de Alencar, outro equipamento cultural vinculado ao Governo do Estado, tem um preço especial para os artistas locais. Sai por R$ 698, acompanhando som e luz.

Teatro
A mesma linha crítica segue o ator e diretor de teatro Silvério Pereira. "Especificamente esse ano, (o CDMAC) tem passado pelo mesmo problema dos outros equipamentos, que é a não presença da Secretaria da Cultura. Há algum tempo, o que mais falta é dar abertura para artistas ocuparem os espaços, seja com ensaio, experimentações, pesquisa. O Dragão não esta aberto para os artistas", critica Silvério, taxativo.

Tomando por exemplo os editais de ocupação promovidos anualmente pelo Dragão do Mar, segundo Silvério, os cachês estão congelados, em R$500 por apresentação, há, pelo menos, quatro anos. "O equipamento por si só é grandioso e maravilhoso. Mas aparentemente é mais privado do que público", lamenta. 



críticas

Dragão sem fogo

Publicado em 16 de outubro de 2011 


sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Antes de ontem eu falava com a Silvia ao telefone sobre essa sensação de "paralisia" que tenho diante da vida. Eu falava justo de como me sinto mobilizado por tanta coisa, como: política, cultura e educação. Tanta coisa que me incomoda e me faz parar pra pensar, e no entanto, parece que eu só tenho vindo aqui pra falar de amor. Acho que no fundo eu só quero falar dessa bobagem mesmo, só pode ser.
Essa noite que passou foi tão pertubadora, eu sonhei com alguém que virou um monstro na minha vida, sonhei sendo humilhado diante várias pessoas, nossa, é uma situação tão estranha, de repente alguém que foi muito importante na sua vida passa a ser vilão, e a situação instala-se como algo sem volta.
Nós artistas, bailarinos, atores, geralmente temos alguém a quem chamamos de mestre, alguém que nos ensina os primeiros passos da arte, que nos faz perceber a vida de forma especial. E o que fazer quando o mestre vira monstro??? Eu não sei, pois por mais que eu tenha o caso como encerrado, se eu ainda sonho, e tenho pesadelos, é porque a ferida ainda tá aberta.
Tudo tão estranho, ando cheio de idéias, e de desejos com a vida, mas no fundo tudo me parece tão superficial sem a outra parte da maçã ( a minha maçã tem três partes).

Vou desligar o som, a Maria Bethânia já tá me dando no saco. Só um minuto...

Pronto, como é bom o silêncio, eu tenho precisado tanto de silêncio, talvez por saber que não vou ouvir o que poderia ser dito.

Voltando, depois dessa noite de cão, eu acordei um pouco tarde, minha mulher já havia saído, e eu fiquei na cama, parecendo que estava de ressaca, olhando pro teto, só levantei porque alguém inconveniente o suficiente ligou pra minha casa as 08h, e tive que atender. Não era ninguém, ou era e não quis falar, ou alguém que ficou com medo da minha voz de poucos amigos ao acabar de acordar.

Fui preparar o café, enquanto a água fervia, fiquei pela casa, olhando o quarto de hospedes, olhando aquele colchão que um dia já foi ocupado... Foda!

É essa a sensação; de algo que não consegue ser preenchido por nada, por ninguém. Me falta entender que o tempo passou, que o tempo acabou, o tempo é outro: o céu anda amanhecendo cinza, anunciando a vinda do natal e das festas de fim de ano (e me parece também muito boba essa analogia entre o tempo lá fora e o tempo dentro de mim). Nossa, eu adeio tanto essas festas (me derramo aqui em lágrimas só de pensar que mais um ano da minha vida vai acabar, e eu aqui na mesma, sem conseguir sair do lugar). 

Embora o meu trabalho caminhe a passos largos, e me dê uma vida confortavel e digna, isso não é tudo que se quer. Eu queria pelo menos parar de querer. Porque é esse querer que me mata todos os dias.

Um "amigo" falou outro dia que eu levo tudo muito a sério, e eu fiquei pensando que é verdade. Eu não sou uma das pessoas mais leves que conheço, mas o que me salva de tudo isso é que eu sou um homem que gosta de seguir em frente.

MAS O MEU BEM QUERER EU AINDA NÃO CONSIGO MUDAR.

Em poucos meses será mais um fim de ano, mais uma vez irei pra Canoa (cidade praiana próxima a Fortaleza) ou Paris (de Paris todo mundo já sabe). E eu aqui, ou lá com essa sensação que só aumenta, sensação de que o tempo tá passando, todos os dias eu penso que a minha vida está passando, e o pior, as nossas vidas estão passando, o nosso tempo aqui tá acabando...

E não adianta realizar mil projetos bem sucedidos, não adianta ganhar um nome de respeito no meio de trabalho, não adianta poder comprar o que se quer, nem ir pra onde dê na telha. Sem o que me mobiliza de fato, o que resta é transformar tanta dor em processo criativo.

Sigo, enquanto a vida passa em vão.



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Corpornografia







Eu já havia postado estas fotos antes, elas eram coloridas, mas resolvi tira-las quando pesquisei pelos nomes reais do Lali, e da Wila (autores das imagens).
Não gostei nada de vê-las relacionadas aos nomes deles no senhor/ deus/ google. Então tirei-as, não por mim, mas pelos dois, eles não me pediram, mas achei indelicado pesquisar por eles e aparecer fotos minhas de pau e cu a mostra.
Dentre as fotos havia uma em que eu estava com o pau duro, na ocasião eu dediquei a Robert Mapplethorpe (ele é um fotografo já morto, e que eu admiro muito), e por algum motivo eu não gostava desta foto, mui caliente, talvez pelo meu pau não parecer como ele realmente é, haha.
Estas fotos serão usadas em um dos atuais projetos que eu desenvolvo, ele nasceu à três, e se chamava: Mimmi, Lali e o Coelho (assim mesmo, como um livrinho infantil, mas carregado de imagens adultas), depois foi tomando forma, e eu começei a pensar em algo como "Zoológico de Vidro", subtítulo do blog.
E por fim, chegamos ao nome que o chamo hoje "Corpornografias".
Vou levar um bom tempo para desenvolver todo o projeto, portanto não vou abrir mais nada sobre do que se trata.
Mas gosto disso, gosto de como a "coisa" vai virando a "coisa", vai criando corpo. 

É assim, levo anos pensando a coisa, maturando o pensamento, até que um dia o monstrinho nasce!


Feitas entre janeiro e abril de 2009







EU ESTOU PROCURANDO ALGUM ORGÃO DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS EM FORTALEZA. TEM UM CÃO NAS REDONDEZAS DA MINHA CASA QUE GEME, (GRUNE) O DIA INTEIRO, E ISSO NÃO É NORMAL (TAMBÉM NÃO PARECE LATIDO DE CACHORRO FELIZ). PRECISO RESOLVER ISSO LOGO, PORQUE ISSO TÁ ME DEIXANDO MALUCO. E PARECE QUE TODO MUNDO EM VOLTA ACHA NORMAL, NINGUÉM SE INCOMODA.

ACHEI ESSE TEXTO QUE MUITO BACANA, CITA A VISÃO DE VÁRIOS PENSADORES SOBRE AS RELAÇÕES DE DOMÍNIO DO HOMEM SOBRE OS (OUTROS) BICHOS.


A relação do ser humano com os animais sempre foi regida pela noção de domínio.

1 - Introdução: Breve relatório sobre os fundamentos filosóficos da proteção animal

A relação do ser humano com  os animais sempre foi regida pela noção de domínio. Acostumado à idéia de legitimidade da exploração dos animais e da natureza, o homem tem agido, muitas vezes, com arbitrariedade, torpeza e irresponsabilidade.

No pensamento grego antigo o homem fazia parte do Universo sem qualquer autonomia.  A justiça do Estado se confundia com as leis da natureza, uma vez que o homem, imerso na totalidade do cosmo obedecia às leis físicas ou religiosas que o regiam. Esta concepção é um jusnaturalismo cosmológico.

Os pré-socráticos já afirmavam o tema essencial da unidade.

Com a crise ética e moral do século V a.C. os sofistas deslocaram o conhecimento do cosmo para o homem. Com os sofistas as indagações sobre a ordem cósmica cedem lugar às indagações sobre a ordem humana.

É a partir de Sócrates, com a máxima Conhece-te a ti mesmo [1] que o ser humano começa a engendrar o antropocentrismo.

Aristóteles em “A Política” argumenta que a família se forma da união do homem com a mulher, do senhor com o escravo. E que a primeira família se formou da mulher e do boi feito para a lavra. O boi serve de escravo aos pobres.[2]

Aristóteles vê no fato do homem ter o dom da palavra uma forma de elevação, ao ser comparado com os outros animais que só tem a voz para expressar o prazer e a dor. Ele vê como natural o domínio do homem sobre o animal da mesma forma que para ele é natural o domínio do homem que tem idéias sobre aquele que só tem a força. Aristóteles inclui o animal  na sociedade como escravo.

Já nos estóicos encontramos a idéia de que o direito natural é comum a homens e animais. Essa idéia de que todos os seres vivos estão sujeitos a uma lei, bem como a um Deus, logos, ratio ou pneuma - é um dos princípios fundamentais do estoicismo. Todos os seres vivos participam da ratio universal. Porém preconizavam a idéia de que a aplicação da justiça é apenas para os seres racionais. O estoicismo, de certa forma, é o precursor da teoria do contrato social.

Mas, entre os gregos a antropocentria teve uma visão limitada. Com o cristianismo o intelectualismo grego cede lugar ao voluntarismo de Deus. As atitudes generalizadas de domínio e maus tratos com os animais encontram respaldo na crença bíblica de que Deus outorgou ao homem o domínio sobre todas as criaturas viventes. Tudo isto era mais que uma crença, era um dogma de fé. São Thomaz de Aquino afiançou o dualismo ecológico judaico – cristão, em seu “ Tratado de Justiça” afirmando que “ Ninguém peca por usar uma coisa para o fim a que foi feita. As plantas vivem em função dos animais e os animais das plantas”. [3]Costumava evocar estas palavras de Santo Agostinho, em a Cidade de Deus, livro 1, cap. 20: “ Por justíssima ordenação do Criador, a vida e a morte das plantas e dos animais está subordinada ao homem”.

O pensamento filosófico ocidental continuou assentado nessa dualidade ontológica, que criou uma separatividade entre o homem e a natureza, e legitimou toda sorte de exploração dos animais. Assim seguiu o romantismo, o humanismo, o racionalismo, que colocaram o homem no centro do Universo.

O pensador Francis Bacon defendeu uma atitude experimentalista face aos animais e a filosofia de dominação e manipulação da natureza.

Com Descartes o racionalismo atingiu a sua culminância. Com sua máxima “ Cogito ergo sum - penso, logo existo - [4]reduziu o homem à sua mente. Isto alienou o homem da natureza e dos demais seres humanos, levando a uma absurda desordem econômica, injusta divisão de bens, e uma onda crescente de violência. Nesta época difundiu-se na Europa a prática da vivissecção, que é o ato de realizar experimentos em animais vivos.

De um lado encontramos em Galileu, Descartes e Newton pensamentos que constituíram a base da revolução tecnológica e de outro, a linha que começa com Montaigne, Rousseau e Goethe, que defendem o pensamento não manipulador da natureza.

Montaigne acreditava que o Criador nos pôs na terra para servi-lo e os animais são como nossa família. Pregava o respeito não só pelos animais, mas às árvores e plantas. Montaigne dizia que aos homens devemos justiça , mas aos animais devemos solicitude e benevolência.

Rousseau atribuía à sociedade a origem de todos os males e a instituição das desigualdades. Em sua 7ª caminhada no livro “ Devaneios de um caminhante solitário” ele critica o uso de animais em experimentos e a visão das plantas como bem utilitário na confecção de remédios. E afirma que nunca julgou que tanta ciência contribuísse para a felicidade da vida.  Rousseau se refugiava na natureza para se furtar à lembrança dos homens e  aos ataques dos maus.

Goethe criticava o ser humano por só valorizar as coisas na medida em que lhe são úteis, e por se arrogar o direito de classificar algumas plantas como ervas daninhas, ao invés de vê-las como crianças da natureza universal, tão amadas por ela, quanto o trigo que o homem valoriza e cultiva.

Foi dentro desse pensamento que o filósofo inglês Thomas Hobbes de Malmesbury, com seu livro, o Leviatã, fundou a filosofia do direito individual moderno. Dando à linguagem o papel de formadora das relações sociais e políticas, ele excluiu os animais do contrato social. Para a formação do Estado é preciso um pacto, para cuja adesão é preciso a linguagem.

Locke, precursor do liberalismo inglês, coloca o homem em sua origem como senhor de todas as criaturas “ inferiores” podendo fazer delas o que lhe aprouver. Pregava que, em princípio, tudo pertence a todos e a força do trabalho pertence a cada um individualmente, o que vem a constituir a primeira forma de propriedade privada. Segundo ele o homem pode se apossar dos frutos e das criaturas da terra. Locke retirou o animal da natureza tornando-o propriedade privada. Dizia que a natureza extra humana não tem vontades e nem direitos, são recursos à disposição de toda humanidade.

Depois de Hobbes e Locke a natureza não humana ficou fora do contrato social ou subjugada.

Na cultura ocidental, em sua vertente liberal e socialista o direito natural se limitava à natureza humana. O liberalismo e o socialismo outorgaram ao homem o título de rei da criação. E este pensamento tomou força depois das revoluções francesas e industrial. Tanto que na Declaração dos Direitos do Homem está dito: “Todo homem”. Não se reconhecem direitos para a natureza não humana. Só em 1978, quase duzentos anos depois foi proclamada na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco a Declaração dos Direitos dos Animais, onde está dito: “ Todos os animais nascem iguais perante a vida e tem os mesmos direitos à existência.”

O filósofo francês Michel Serres, em seu livro “Le Contrat Naturel (Éditions Bourin, França, 1990) defende a idéia de que é chegada a hora de substituirmos a Teoria do Contrato Social ( de Hobbes), pela Teoria do Contrato Natural.

Para Serres a o homem deve buscar o estado de paz e o amor, e para tal deve renunciar ao contrato social primitivo para firmar um novo pacto com o mundo: o contrato natural.

Serres preconiza a revisão conceitual do direito natural de Locke, pelo qual o homem é o único sujeito de direito.

O mundo que foi visto como nosso senhor, depois se tornou nosso escravo, em seguida passou a ser visto como nosso hospedeiro, e agora temos que admitir que é, na verdade, nosso simbiota.

Para Serres, homem parasita da natureza e do mundo, filho do direito de propriedade, tudo tomou e não deu nada. A Terra hospedeira deu tudo e não tomou nada. Um relacionamento correto terá que se assentar na reciprocidade. Tudo que a natureza dá ao homem ele deve restituir.

Hoje a filosofia e a ciência já admitem a unidade do cosmo. E nessa unidade não há hierarquia. Os componentes dos átomos e partículas atômicas são padrões dinâmicos que não existem como entidades isoladas, mas como partes de uma rede inseparável de interações. Os físicos modernos nos mostram que toda matéria - tanto na terra como no espaço externo - está envolvida numa contínua dança cósmica. Tudo no espaço está conectado a tudo mais, e nenhuma parte dele é fundamental. As propriedades de qualquer parte são determinadas, não por alguma lei fundamental, mas pelas propriedades de todas as demais partes. O físico Heisenberg, ao estudar o mundo material, mostrou-nos a unidade essencial de todas as coisas e eventos. O mundo está envolvido em uma grande unidade, nenhum elemento está isolado, nem na extensão presente nem na história. Átomos e mundos são levados por um só impulso e o resultado disso é a vida.

É a mesma conclusão a que chegam os místicos partindo do reino interior, enquanto os físicos partem do reino exterior.

Esta maneira nova que os físicos nos mostram de ver o Universo é a essência do Tao, fundado por Lao - Tsé; e do Zen, que nos ensina a não nos apegarmos ao pensamento dos contrários, dos opostos. O Ser em sua plenitude está unido a tudo que vive. Essa unidade abole todas as diferenças. O ensinamento da unidade é a essência do Zen e do Tao.

Esta é, também, a cosmovisão dos pré-socráticos, que concederam ao cosmo uma alma. Logos, o princípio é a alma do mundo.

A diferença cosmovisão pré - socrática para a das sociedade orientais consiste no fato dessas sacralizarem a natureza enquanto que os gregos interrogavam sua natureza para descobrir o seu segredo.

Esta teoria renasceu sob o nome de Gaia, a Terra viva, através do biólogo inglês James Lovelock, para quem a Terra é um ser vivo, capaz de se regular a si mesma e ao próprio clima.

Estamos retornando à visão holística dos lendários gregos que habitavam o logos.

Para reconhecermos os direitos dos animais temos que repensar muitas coisas e mudar nossas relações com o ambiente. O movimento de libertação dos animais exigirá um altruísmo maior que qualquer outro, o feminismo, o racismo, já que os animais não podem exigir a própria libertação. Como seres mais conscientes temos o dever não só de respeitar todas as formas de vida, como o de tomar as providências para evitar o sofrimento de outros seres.

Os humanos são os únicos seres que estão na posição de ajudar e guiar os menos desenvolvidos dando um exemplo de cooperação e auxílio. São os únicos seres capazes de transformar a si mesmo e ao mundo.

Um dia o homem descobrirá um poder superior ao atômico - o do amor. O verdadeiro amor, o único, capaz de transformar o mundo. Neste dia o homem se conscientizará de que possui um dever cósmico, e então, só então, poderá dizer que é o rei de toda criação, o filho de Deus na terra.

domingo, 9 de outubro de 2011





Ando mudo pela casa, e por aqui.
Não há em mim uma vírgula sequer que seja digna de ser lida, ou dita.
Não me serve falar nada com ninguém!
Quero o meu quarto, minha cama, o telefone desligado, e a janela fechada. 

Silêncio. Por favor!


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Anthony, baby!





Algumas imagens do Anthony Kiedis loiro, adoro essa fase dele, tanto no visu, quanto musical.
O Red Hot Chili Peppers é sempre muito bacana, adoro o som deles com esse clima de praia, essa coisa bem surfista.
Meu irmão que quase nunca vejo também adora (quando eramos crianças ouviamos juntos), hoje minha mulher escuta comigo em casa, e o cara que eu amo é outro fã dele,
ele é surfista!

Hoje o Anthony usa bigode e franjão, é completamente diferente, mas sempre lindo esse cara.

Abaixo fica o link da obra prima dos caras, Scar Tissue.
Tudo haver comigo: cicatrizes, e citações de um homem pra outro homem, e pra uma mulher.



segunda-feira, 3 de outubro de 2011


Qualquer semelhança não é mera coincidência.
É só perguntar aos professores do Ceará.


Eu tenho revisitado várias vezes por dia essa foto desde que a vi pela primeira vez em um dos albuns de uma querida amiga coreógrafa (Micheline Torres). Ela me falou que estava andando de bike pelas ruas de Paris quando viu isto em uma calçada, parou imediatamente e fotografou.
Pois bem, quando vi a foto de imediato liguei aos imigrantes árabes e africanos que vivem naquela cidade (cidade que segundo ela, minha amiga, não deixa de ser minha também).
Tive a oportunidade, e o privilégio de viver em vários bairros de imigrantes em Paris, lá eles os dividem em 'arrondissements'.
Primeiro vivi em Jaurès (um lindo bairro com muitos imigrantes africanos), depois vivi em Belleville (alí reinam os chineses), e o ultimo foi Jourdain (acredito que alí vivem muitos árabes e africanos), morei também em Ménilmontant e na Pigalle, estes ultimos eu não sei muita coisa sobre eles, mas em todo lugar de Paris há sempre muitos imigrantes, a cidade é do mundo, e os parisienses ainda teimam em achar que é só deles, uma doce e facista ilusão!
Mas por que falo tudo isso? E por que a foto do Governador/ ditador do nosso estado do Ceará? Relacionei as duas fotos, porque ao pensar em imigrantes, ou imigração, penso em estruturas de poder, e também penso em como organizar o sensível a partir do momento em que não estamos de fato em casa / pátria. Penso também que não há cidade no mundo melhor para se pensar em todas essas coisas que Paris. E também porque não sai da minha cabeça o dia de hoje, 03 de outubro de 2011. Hoje pode ser um dia historico para todos nós cearenses, um dia em que as coisas possam fazer mais sentido. Nós, artistas, formadores de opinião, pensadores, professores da rede pública de ensino, iremos as ruas, manifestar a nossa indignação e total desaprovação a forma desrespeitosa e cheia de descaso com a educação no Ceará. 
IMIGRANTES, ARTISTAS, PROFESSORES, MENORIAS, OU NÃO! Vale parar um pouco e pensar sobre a 'ordem do sensível' junto as políticas que queremos para as nossas vidas.

Falei a minha amiga que a foto me lembrava os imigrantes, e ela me respondeu: é justo sobre isso Fauller, meu próximo trabalho é sobre imigrantes e suas histórias!