quarta-feira, 31 de outubro de 2012



Eu acordei tão tarde e tão feliz hoje, que se não tivesse apresentação na semana que vem, eu tomaria uma cerveja ao invés de café da manhã. 
Sensação boa de preguiça no corpo, e principalmente sensação de dever cumprido.
Hoje seria um bom dia para ir a praia e saudar a vida.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012




Eu amo a minha nudez. 
Gosto do fato dela não precisar ser artística,
nem assexuada, ou justificada.
E gosto sobretudo de me colocar como 
contra ponto ao tabu da nudez masculina.
É apenas um pau, nada mais. 
Um pau que se contrapõe também a ordem
dos padrões de beleza estabelecidos em 
minha volta (eu sou um homem adulto
e tenho pelos, amo tê-los).

Eu não tenho nenhuma obrigação
em ser politicamente correto, sou um artista, 
e sendo assim, posso escolher o que quero ser.

Eu não tenho domínio sobre essa imagem, 
ela vai correr pela internet, embalar os desejos
de muitos, talvez até de amigos que jamais
confessariam. 
E você vai pensar:
isso tudo é tão de graça... Ele não ganha nada...
Pois eu vos digo: não sejam bobos! 
O que eu ganho se encontra nas bordas.
Eu só estou construindo a imagem
que quero ter. E eu venho ganhando com isso
durante dez anos!

O Mito e a Filosofia



O conceito de mito
O mito tem várias definições, que variam segundo o autor. Um dos maiores mitólogos do século XX, o romeno Mircea Eliade define assim o mito: “A definição que a mim, pessoalmente me parece a menos perfeita, por ser a mais ampla, é a seguinte: o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do “princípio”. Em outros temos, o mito narra como, graças à façanha dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição.” (Eliade, 1972). Para o antropólogo Claude Levy-Strauss o mito é a história de um povo, é a identidade primeira e mais profunda de uma coletividade que se quer explicar. O mitólogo e antropólogo americano Joseph Campbell escreve que “o material do mito é material da nossa vida, do nosso corpo, do nosso ambiente; e uma mitologia viva, vital, lida com tudo isso nos termos que se mostram mais adequados à natureza do conhecimento da época.” (Campbell, 1993).
Nesta frase de Campbell já temos alguma indicação sobre como devemos encarar os mitos: uma mitologia, ou seja, o estudo dos mitos lida com os mitos nos termos que se mostram mais adequados ao conhecimento de uma época – de sua própria época. Exemplo dessa maneira diferente de encarar o mito ao longo da história é que há 250 anos, em um período fortemente influenciado pelo movimento iluminista, os mitos eram pouco valorizados e estudados. Todavia, cerca de cento e poucos anos mais tarde, com o nascimento da sociologia, antropologia e etnografia, vemos que o interesse pelo assunto aumentou, dando-se uma verdadeira corrida às regiões mais afastadas à época, ainda habitadas por culturas originais – como a costa leste da América do Norte, a Oceania, aÁfrica e a América do Sul – para que pudessem ser pesquisados e registrados os mitos destas culturas ditas selvagens. James Frazer, Franz Boas, Bronislaw Malinowsky, Claude Levy-Strauss e Margareth Mead, entre outros, foram os grandes pesquisadores deste período. Seus textos estão disponíveis e serão de grande ajuda para todo estudioso que deseja obter uma compreensão do conceito do mito.
Do que expusemos até o momento concluímos que devemos fugir das explicações simplistas do mito, como: “ficções construídas para aplacar o medo dos homens primitivos perante os fenômenos naturais”, “narrativas pré-científicas para explicar o mundo”, “lendas desenvolvidas pelos sacerdotes para dominar o povo”. Estas definições, apesar de tendenciosas, não deixam de ter um fundo de verdade, mas não mostram uma profundidade de análise.

Origens da filosofia e sua relação com o mito


Mircea Eliade, em sua obra “História das Crenças e das Idéias Religiosas” nos dá uma boa indicação do porque do desenvolvimento da filosofia na Antiga Grécia. Segundo Eliade, a religião grega sempre foi um politeísmo, no qual os deuses tinham comportamento parecido aos dos homens; os mesmos desejos, impulsos e emoções, com a diferença de que eram imortais. A religião grega, pelas suas características, nunca chegou a ser uma religião estritamente normativa e ligada a um povo específico (os gregos também dividiam muitos deuses com outros povos), como o foram a religião egípcia e a judaica.
Os gregos nunca tiveram um Livro dos Mortos ou um Decálogo. Todavia, os relatos dos bardos – entre eles os mais famosos Homero e Hesíodo – influenciaram a  da mesma forma. Não através da criação de leis, impedimentos e sanções, mas através de exemplos da vida dos deuses e dos heróis, a Paidéia, que foram incorporados à cultura grega – da poesia às tragédias, da escultura à filosofia. O historiador Werner Jaeger escreve: “O testemunho mais remoto da antiga cultura aristocrática helênica é Homero, se com esse nome designamos as duas epopéias: a Ilíada e a Odisséia. Para nós, é ao mesmo tempo a fonte histórica da vida daqueles dias e a expressão poética imutável de seus ideais” (Jaeger, 2003). Referindo-se a Hesíodo, Jaeger escreve: “O poema de Hesíodo permite-nos conhecer com clareza o tesouro espiritual que os camponeses beócios possuíam, independentemente de Homero. Na grande massa das sagas da Teogonia encontramos muitos temas antiqüíssimos, já conhecidos de Homero, mas também muitos outros que nele não apareceram.” (Jaeger, 2003). Este o arcabouço cultural da Antiga Grécia. As narrações dos dois poetas eram transmitidas de uma geração à outra, terminando por serem fixadas por escrito em torno do século VIII a.C.
Por volta do século VIII a.C. a população na península grega começa a crescer, forma-se as cidades-Estado e aumenta o comércio ultramarino. Estabelecem-se as primeiras colônias de mercadores gregos na Jônia – região hoje ocupada pela Turquia – e na Magna Grécia, a Eléia – região onde hoje se o sul da Itália.
O comércio a agricultura, a navegação, a construção de canais e de pontes, o contato com outros povos, fizeram com que se formasse nestas colônias gregas uma elite intelectual e econômica, que dominava os mais importantes conhecimentos da época: matemática, astronomia, geometria, línguas estrangeiras, escrita e religiões de outros povos.
No plano intelectual, toda esta vasta gama de conhecimentos fez com que jônios e eleatas passassem a encarar o universo de uma maneira diferente. No plano religioso, ainda conheciam as narrativas míticas de Homero e Hesíodo, as registravam e passavam para as gerações posteriores. Mas aos poucos, estas narrativas foram perdendo seu caráter mítico-religioso e mantiveram apenas sua função política de manutenção das tradições cívicas e das instituições das cidades-Estado.
Dentre esta elite altamente intelectualizada da Jônia e da Eléia, com acesso a todas as novas idéias que circulavam na região do Mediterrâneo à época (já que viviam em cidades cosmopolitas ligadas ao comércio) surge um novo grupo de homens: os filósofos. Estes foram os primeiros a não se utilizarem mais do mito para explicar o mundo e seu surgimento, representando provavelmente o primeiro movimento de laicização da cosmogonia, de tentativa de explicação da origem do universo através de meios racionais – evidentemente limitados pelos conhecimentos práticos (científicos?) da época. Estes pensadores, mais tarde conhecidos como pré-socráticos, apresentaram diversas hipóteses para apontar o elemento do qual todo o universo é constituído. As hipóteses variavam da água (Thales de Mileto na Jônia, considerado o primeiro filósofo), para o infinito (Anaximandro de Mileto, introdutor da filosofia na Grécia continental), até os números (Pitágoras de Samos, filósofo da escola eleata).
Todos os pensadores pré-socráticos tentam explicar o fundamento último do universo e, em termos atuais, poderiam também ser chamados de primeiros cientistas. Fato mais importante neste estudo é ressaltar a importância do surgimento da filosofia, como primeira tentativa de explicar o mundo à parte do posicionamento definitivo e por vezes impositivo das religiões. Aí, neste momento, tem origem a filosofia e todas as ciências que surgiram posteriormente.
Os pensadores pré-socráticos – e mesmo pensadores posteriores – não estão definitivamente livres do mito. Em sua linguagem e na construção de suas idéias ainda são utilizados termos oriundos do pensamento mítico. Em muitos relatos ainda há aparição de deuses (a deusa que aparece a Parmênides) ou referência a eles.

Diferença entre mito e filosofia

O mito é um relato que oferece uma explicação definitiva; o mito não precisa de justificativa. Ao contrário, é o mito que justifica uma sociedade, uma cultura, um costume, como vimos acima.
Da maneira como é elaborado, o mito não é para ser criticado ou discutido. Da mesma forma, ele não precisa ser apresentado através de argumentações – ele simplesmente é comunicado à comunidade por aqueles que se consideram os arautos das Musas ou dos Deuses. Vale aqui lembrar que quando uma religião se apropria do mito; este fica sujeito à crítica e precisa apresentar justificativas.
Como exemplo perfeito disto tome-se o mito da Criação e de Adão e Eva. O relato é mais antigo do que o judaísmo. Daí foi incorporado na religião e desde então precisa justificar­se, já que faz parte de um "plano" efetivo de Deus para com a humanidade, segundo o discurso religioso.
A filosofia é uma narrativa que não oferece uma explicação definitiva, já que a discussão é própria da filosofia. Existem sistemas filosóficos que se pretendiam definitivos; que pretendiam oferecer uma explicação definitiva da realidade. Talvez seja por isso que quase se transformaram em seitas.
Outro aspecto é que a filosofia sempre precisa se justificar. O próprio ato de filosofar já implica a apresentação de uma justificativa daquilo que vai ser dito. Por ser um processo baseado na experiência e/ou no raciocínio lógico, a filosofia sempre está sujeita a criticas.

 Ricardo Ernesto Rose
Jornalista e Licenciado em Filosofia


domingo, 28 de outubro de 2012

Um ponto final. Drástico, mas a vida segue.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012


É quase uma regra; por algum motivo todos os homens bonitos que conheço escolhem mulheres terríveis, elas variam entre piranhas de beira de praia e meninas bobas. 
Em troca lhes dão belas panças (inevitavelmente eles ficam barrigudos) e uma penca de filhos.






sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PARA QUE SERVE A POLÍCIA DO CEARÁ???


Hoje eu acordei com uma puta sensação de impotência. Um sentimento de frustração incrível.
Dormi mal, muito mal. Essa noite, adentrando pela madrugada, eu e minha mulher não conseguimos dormir direito porque fomos incomodados por vizinhos que resolveram fazer uma festinha básica na frente da minha casa, do outro lado da rua. O pior é que essas festinhas estão cada vez mais frequentes. E as minhas ligações para a polícia e para a SEMAN (órgão da prefeitura que mede a poluição sonora) também.
A verdade é que nenhum desses órgãos citados funciona. Tenho vários números da SEMAN, que teoricamente deveriam funcionar e resolver o meu problema, mas nenhum atende.
Pensando que a polícia enfim poderia resolver o meu problema, liguei para o 190, ao todo foram cinco ligações no espaço que quase duas horas. E eu ali ouvindo as desculpas mais descabidas possíveis, dentre elas uma atendente (que é paga com o meu dinheiro de contribuinte, vale ressaltar!!!) desligou o telefone na minha cara. Liguei imediatamente na esperança de ser essa mesma pseudo-policial (eu gostaria de chama-la por outro nome) que iria me atender, mas não foi. Fiz então a minha quarta reclamação, e aguardei mais um pouco. Foi isso: eu esperei uma viatura que não veio, que nunca vem, que nunca aparece quando nós precisamos.
Enfim, depois de desistir (detalhe, a viatura da polícia não deixou de aparecer, o carro passou duas vezes, mas acredito que os infames policiais ali dentro do seu 4x4 com ar refrigerado não acharam barulho o suficiente para parar e tomar qualquer providência, não são eles que dormem no meu quarto, não eles que estão incomodados, não é?)
Uma vontade enorme de falar mil palavrões, de sair naquele portão com uma arma em punho, e fazer a polícia aparecer enfim, nem que fosse na marra, para me levar preso. Pois é só para isso que a ela serve,  para prender cidadãos de bem, que precisam ralar para pagar o salário deles, que não fazem um terço do que deveriam fazer.
Eu liguei uma última vez apenas para falar isso: disse que não precisava mais de viatura porra nenhuma, mas talvez agora, que eu falei um palavrão e desacatei a "autoridade", alguma viatura aparecesse para me intimidar pois era só para isso que eles serviam. E pronto, bati o telefone, na cara de não sei quem.
Só me restou isso, um pouco de desabafo para a polícia que não me serve para nada, nada, eu disse nada mesmo! Pois eu vivo em um país de ninguém, em uma cidade sem lei, entregue as baratas, e a cada vez pior educação do seu povo. Vivo em um lugar em que predomina a lei do 'cada um por si'.
É muito triste pensar que escolhi viver aqui, que eu poderia ter o meu sono garantido em outro lugar, um pouco menos rude, e mais civilizado. Eu sou um artista, preciso de uma ambiente mais delicado para viver, eu sou um atleta, preciso de descanso para render no outro dia. E antes de ser atleta e artista, eu sou um cidadão, não deveria importar se os meus outros vizinhos se incomodam ou não com toda essa algazarra, eu me incomodo, e isso já deveria ser o suficiente para a polícia, ou a Seman, ou o caralho de asas ouvir a minha solicitação e vir interceder por mim.

Feliz dia das crianças!!!


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Platinado ou vintage?


Janeiro 2012

Outubro 2012


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Corpornô

Algumas fotos do CORPORNÔ. 
São registros da primeira cena que apresentamos ao público no penúltimo final de semana de setembro. Aqui apenas eu e Wilemara Barros. Não vou postar as outras fotos das cenas com o restante do elenco, é preciso ter algo guardado para estréia, além das outras cenas que ainda não estão construídas. 
Eu gosto muito dessa cena, gosto sobretudo porque é algo que se aproxima muito do meu dia a dia com Wila, gostamos de nos vestir assim, de ter um estilo de vida como nos filmes de Felini ou Bertolucci. Não é a toa que essa cena tem sido comentada, e generosamente comparada ao cinema italiano. Eu agosto da delicadeza com a qual ela vem sendo construída... Ao som de Maria Callas. Ela é um contraponto da ideia do que a maioria das pessoas têm por 'erótico'.
Acho que esta cena já a princípio responde algumas perguntas: é para isso que serve este espetáculo, para deslocar o olhar do outro. Ele é para o meu público que vem sendo construído ao longo de uma década (para todas aquelas pessoas que foram lá assistir ao trabalho da Cia. Dita).  O Corpornô serve para mudar o mundo... Mas não para mudar todo mundo.






As fotos são de Wládina Fernandes
Segue mais dois textos recebidos por mim nos últimos dias:

Preciso “confessar” que desde que vi o Corpornô pensei e tenho pensado muito sobre esse esboço do trabalho, e de várias maneiras... Na estética, no discurso, no meu desejo, na diversão, na putaria, na reflexão artística...
Percebi muitas coisas sobre minha sexualidade. Muitas coisas sobre a sexualidade de algumas outras pessoas. De como eu e elas lidamos com esse assunto.
Percebi o quão “discreta” eu sou com a minha sexualidade que algumas pessoas chegam a pensar que me passo de puritana... Percebi quantas pessoas que eu considerava serem tão “livres sexualmente”, quando ‘expostas’, são bem mais puritanas do que aquilo que me imaginam ser (e não sou) e que talvez saibam lidar bem menos com o sexual do que eu.
Quantas relações hipócritas ao sentar naquelas cadeiras, ao sentir certas coisas e falsear sobre elas, ao cruzar a entrada do teatro, ao comentar com o outro do que viu e sentiu e de novo fingir ser outra coisa... Quanto medo eu vi. (As pessoas tem mesmo medo de você rsrs).Quanto nervosismo eu percebi nas pessoas por estarem sendo colocadas de frente a uma verdade que é tão delas... Elas não sabem como agir. Eu não sei como agir. Como sou hipócrita também.
Eu sei que eu não vi nem o começo do trabalho praticamente, mas realmente mexeu comigo (artística e sexualmente falando rs).
Não queria deixar nenhuma análise crítica ou formal... Queria mesmo apenas compartilhar com você algumas coisas. Ainda tenho muitos pensamentos quanto ao trabalho, alguns ainda não consegui escrever ou organizar na minha cabeça.

Jéssica Cruz - Bailarina




Parabéns e obrigado pelo trabalho!
Pensei muitas coisas, me senti cúmplice de alguma maneira, me identifiquei sobre tudo com com a sua vontade e seu desejo.
Enquanto pedalava no caminho de volta para casa pensei sobre ser artista, sobre ter questões pessoais que são ou transformam-se em questões para o mundo, pensei em gênero, linguagem artística, pensei no corpo como ferramenta/instrumento e no corpo como a própria linguagem, assim como o teatro a dança, enfim.
Quero dizer o que tive vontade de falar depois da colocação da Silvia e não tive oportunidade, é que para mim a sexualidade está presente o tempo todo sim, tem horas que é muito cu, rola, priquito, peito e mesmo assim não basta porque da vontade de ver mais, eu tive vontade de ver mais, ainda tinha minuta coisa para ver antes de começar a reparar nas feridinhas, mas o bom é que o que eu não vi eu faço questão de fantasiar.
Adoraria que você tivesse assistido a segunda versão do catecismo para conversarmos sobre algumas questões próximas e distantes dos trabalhos.
Meu querido, eu tive vontade de escrever algo mais belo, extenso e formal rsrs, mas a minha cabeça é um turbilhão e organização de ideias não tem sido o meu forte, mesmo assim senti a necessidade de escrever por aqui mesmo.
Por favor, diga a Wila que eu mandei um grande abraço e um cheiro no olho, admiro demais vocês dois em suas individualidades e enquanto um casal lindo e autentico.
PS: As vezes eu tenho medo de você e de vocês, mas é porque eu tenho medo de mim também.

Thiago Pinheiro Braga - Bailarino e Coreógrafo