quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Corpornô

Algumas fotos do CORPORNÔ. 
São registros da primeira cena que apresentamos ao público no penúltimo final de semana de setembro. Aqui apenas eu e Wilemara Barros. Não vou postar as outras fotos das cenas com o restante do elenco, é preciso ter algo guardado para estréia, além das outras cenas que ainda não estão construídas. 
Eu gosto muito dessa cena, gosto sobretudo porque é algo que se aproxima muito do meu dia a dia com Wila, gostamos de nos vestir assim, de ter um estilo de vida como nos filmes de Felini ou Bertolucci. Não é a toa que essa cena tem sido comentada, e generosamente comparada ao cinema italiano. Eu agosto da delicadeza com a qual ela vem sendo construída... Ao som de Maria Callas. Ela é um contraponto da ideia do que a maioria das pessoas têm por 'erótico'.
Acho que esta cena já a princípio responde algumas perguntas: é para isso que serve este espetáculo, para deslocar o olhar do outro. Ele é para o meu público que vem sendo construído ao longo de uma década (para todas aquelas pessoas que foram lá assistir ao trabalho da Cia. Dita).  O Corpornô serve para mudar o mundo... Mas não para mudar todo mundo.






As fotos são de Wládina Fernandes
Segue mais dois textos recebidos por mim nos últimos dias:

Preciso “confessar” que desde que vi o Corpornô pensei e tenho pensado muito sobre esse esboço do trabalho, e de várias maneiras... Na estética, no discurso, no meu desejo, na diversão, na putaria, na reflexão artística...
Percebi muitas coisas sobre minha sexualidade. Muitas coisas sobre a sexualidade de algumas outras pessoas. De como eu e elas lidamos com esse assunto.
Percebi o quão “discreta” eu sou com a minha sexualidade que algumas pessoas chegam a pensar que me passo de puritana... Percebi quantas pessoas que eu considerava serem tão “livres sexualmente”, quando ‘expostas’, são bem mais puritanas do que aquilo que me imaginam ser (e não sou) e que talvez saibam lidar bem menos com o sexual do que eu.
Quantas relações hipócritas ao sentar naquelas cadeiras, ao sentir certas coisas e falsear sobre elas, ao cruzar a entrada do teatro, ao comentar com o outro do que viu e sentiu e de novo fingir ser outra coisa... Quanto medo eu vi. (As pessoas tem mesmo medo de você rsrs).Quanto nervosismo eu percebi nas pessoas por estarem sendo colocadas de frente a uma verdade que é tão delas... Elas não sabem como agir. Eu não sei como agir. Como sou hipócrita também.
Eu sei que eu não vi nem o começo do trabalho praticamente, mas realmente mexeu comigo (artística e sexualmente falando rs).
Não queria deixar nenhuma análise crítica ou formal... Queria mesmo apenas compartilhar com você algumas coisas. Ainda tenho muitos pensamentos quanto ao trabalho, alguns ainda não consegui escrever ou organizar na minha cabeça.

Jéssica Cruz - Bailarina




Parabéns e obrigado pelo trabalho!
Pensei muitas coisas, me senti cúmplice de alguma maneira, me identifiquei sobre tudo com com a sua vontade e seu desejo.
Enquanto pedalava no caminho de volta para casa pensei sobre ser artista, sobre ter questões pessoais que são ou transformam-se em questões para o mundo, pensei em gênero, linguagem artística, pensei no corpo como ferramenta/instrumento e no corpo como a própria linguagem, assim como o teatro a dança, enfim.
Quero dizer o que tive vontade de falar depois da colocação da Silvia e não tive oportunidade, é que para mim a sexualidade está presente o tempo todo sim, tem horas que é muito cu, rola, priquito, peito e mesmo assim não basta porque da vontade de ver mais, eu tive vontade de ver mais, ainda tinha minuta coisa para ver antes de começar a reparar nas feridinhas, mas o bom é que o que eu não vi eu faço questão de fantasiar.
Adoraria que você tivesse assistido a segunda versão do catecismo para conversarmos sobre algumas questões próximas e distantes dos trabalhos.
Meu querido, eu tive vontade de escrever algo mais belo, extenso e formal rsrs, mas a minha cabeça é um turbilhão e organização de ideias não tem sido o meu forte, mesmo assim senti a necessidade de escrever por aqui mesmo.
Por favor, diga a Wila que eu mandei um grande abraço e um cheiro no olho, admiro demais vocês dois em suas individualidades e enquanto um casal lindo e autentico.
PS: As vezes eu tenho medo de você e de vocês, mas é porque eu tenho medo de mim também.

Thiago Pinheiro Braga - Bailarino e Coreógrafo



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