quarta-feira, 16 de novembro de 2011


Fátima.
Fátima era uma moça linda, tinha pernas firmes, usava shorts minusculos, e gostava de dançar a noite toda usando saltos agulhas 10.
Fátima não gostava de repetir roupas, e como costurava muito bem,todo fim de semana uma roupa nova, transformava retalhos em peças sofisticadas.
Fátima era prendada, costurava, fazia um pudim de jerimum (abóbora) que ninguém fazia igual.
O pudim de Fátima era quase tão doce quanto ela.
Fátima era linda! De parar o transito!
Fátima Freire de Freitas. É minha tia.
Hoje ela tem uma barriga imensa, como se estivesse grávida, ela estar em uma cama, não pode andar. Ela estar com cancer no útero.

E como isso me doi. Como é triste vê alguém que a gente ama doente, e não poder fazer nada por esse ser, a não ser dá-lo amor, e companhia.
Nada me serve de chão.
Ontem eu fui visita-la, e nossa, como eu voltei mal. Ela não sabe do que estar doente, pensa que irá fazer uma cirurgia no final do ano, ela faz tantos planos. E me fala. E isso me doi tanto. Eu a amo muito. Eu queria ter a mesma força que ela, mas eu não tenho. E eu fico pensando: meu Deus, só ela sabe o que tá passando, será que ela é tão forte assim? Só ela sabe como estar por dentro. Todos nós em volta estamos morrendo de alguma forma.
Vim pra casa, e não conseguia pensar em outra coisa, em mais ninguém, acordo no meio da noite e fico pensando nela.
Mas de uma coisa eu sei, não posso ficar longe dela nesse momento, ela precisa de mim mesmo que me doa tanto cada encontro com ela.

Quando eu era criança, tinha mais apego a ela do que a minha própria mãe. Tia Fátima fazia tudo que eu queria, me levava pra todo canto, cantava muiscas de ninar (eu adorava cantar com ela), e me levava ao centro pra tomar sorvete. Nós temos uma estória ótima: fomos ao centro, e lá como de costume, ela me levou a tal sorveteria, lembro como se fosse hoje (ficava na Liberato Barroso), chegando lá eu pedi um sorvete duplo, eu nunca queria uma bola só, e quando veio o meu sorvete, eu tirei uma colherzinha do bolso, eu havia levado de casa, e ela ficou morta de vergonha, rs.
Eu também passava muitos dias em sua casa logo que ela casou, ela ainda não tinha filhos, as vezes eu não queria mais voltar pra minha casa. Quando eu peguei catapora estava lá na casa dela, viemos pra Fortaleza de trem.

Fátima não conquistou muita coisa na vida, virou mulher casada, prendada, virou mãe. Ela sempre convecia a minha avó a comprar as coisas que eu queria, ela dizia: mamãe compre, depois a gente paga.

Fátima consquistou apenas o nosso amor. O meu amor.
E a nossa estória é linda.

Eu te amo Tia Fátima!

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