sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Antes de ontem eu falava com a Silvia ao telefone sobre essa sensação de "paralisia" que tenho diante da vida. Eu falava justo de como me sinto mobilizado por tanta coisa, como: política, cultura e educação. Tanta coisa que me incomoda e me faz parar pra pensar, e no entanto, parece que eu só tenho vindo aqui pra falar de amor. Acho que no fundo eu só quero falar dessa bobagem mesmo, só pode ser.
Essa noite que passou foi tão pertubadora, eu sonhei com alguém que virou um monstro na minha vida, sonhei sendo humilhado diante várias pessoas, nossa, é uma situação tão estranha, de repente alguém que foi muito importante na sua vida passa a ser vilão, e a situação instala-se como algo sem volta.
Nós artistas, bailarinos, atores, geralmente temos alguém a quem chamamos de mestre, alguém que nos ensina os primeiros passos da arte, que nos faz perceber a vida de forma especial. E o que fazer quando o mestre vira monstro??? Eu não sei, pois por mais que eu tenha o caso como encerrado, se eu ainda sonho, e tenho pesadelos, é porque a ferida ainda tá aberta.
Tudo tão estranho, ando cheio de idéias, e de desejos com a vida, mas no fundo tudo me parece tão superficial sem a outra parte da maçã ( a minha maçã tem três partes).

Vou desligar o som, a Maria Bethânia já tá me dando no saco. Só um minuto...

Pronto, como é bom o silêncio, eu tenho precisado tanto de silêncio, talvez por saber que não vou ouvir o que poderia ser dito.

Voltando, depois dessa noite de cão, eu acordei um pouco tarde, minha mulher já havia saído, e eu fiquei na cama, parecendo que estava de ressaca, olhando pro teto, só levantei porque alguém inconveniente o suficiente ligou pra minha casa as 08h, e tive que atender. Não era ninguém, ou era e não quis falar, ou alguém que ficou com medo da minha voz de poucos amigos ao acabar de acordar.

Fui preparar o café, enquanto a água fervia, fiquei pela casa, olhando o quarto de hospedes, olhando aquele colchão que um dia já foi ocupado... Foda!

É essa a sensação; de algo que não consegue ser preenchido por nada, por ninguém. Me falta entender que o tempo passou, que o tempo acabou, o tempo é outro: o céu anda amanhecendo cinza, anunciando a vinda do natal e das festas de fim de ano (e me parece também muito boba essa analogia entre o tempo lá fora e o tempo dentro de mim). Nossa, eu adeio tanto essas festas (me derramo aqui em lágrimas só de pensar que mais um ano da minha vida vai acabar, e eu aqui na mesma, sem conseguir sair do lugar). 

Embora o meu trabalho caminhe a passos largos, e me dê uma vida confortavel e digna, isso não é tudo que se quer. Eu queria pelo menos parar de querer. Porque é esse querer que me mata todos os dias.

Um "amigo" falou outro dia que eu levo tudo muito a sério, e eu fiquei pensando que é verdade. Eu não sou uma das pessoas mais leves que conheço, mas o que me salva de tudo isso é que eu sou um homem que gosta de seguir em frente.

MAS O MEU BEM QUERER EU AINDA NÃO CONSIGO MUDAR.

Em poucos meses será mais um fim de ano, mais uma vez irei pra Canoa (cidade praiana próxima a Fortaleza) ou Paris (de Paris todo mundo já sabe). E eu aqui, ou lá com essa sensação que só aumenta, sensação de que o tempo tá passando, todos os dias eu penso que a minha vida está passando, e o pior, as nossas vidas estão passando, o nosso tempo aqui tá acabando...

E não adianta realizar mil projetos bem sucedidos, não adianta ganhar um nome de respeito no meio de trabalho, não adianta poder comprar o que se quer, nem ir pra onde dê na telha. Sem o que me mobiliza de fato, o que resta é transformar tanta dor em processo criativo.

Sigo, enquanto a vida passa em vão.



Um comentário:

  1. Que bom que existe alguém que sente essa sensação de falta, de que algo melhor poderia ser feito.

    Nada nos basta, tudo é tão pouco.

    bju Fauller.

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