segunda-feira, 30 de abril de 2012

E você? Que lugar ocupa no mundo?


Sábado foi o meu aniversário, e ontem foi o dia D da Dança.
Tanto para uma data como para outra eu não dei a menor bola, fui tomado por uma indiferença que nunca vi, ando incomodado tanto com a dança quanto com a vida, assim como Clarice ando áspero e desesperançado.
Eu tenho tentando esquecer uma estória pessoal longa de vários anos, não tem sido fácil, e tenho tentando sobreviver as relações superficiais no meio da dança. Eu acho que vou me conduzindo para um distanciamento destas duas ordens na minha vida.
Primeiro: eu não quero morrer por causa do amor, a sábia Dercy Gonçalves tinha razão: a paixão é uma merda, nos deixa fracos, eu não gosto disso! rs. É difícil mesmo tornar razão o que tem gosto de acontecimento em nossas vidas, não é? Enfim, sigo penando até que essa porra um dia passe. Não é possível levar uma vida inteira sendo tão burro. É preciso criar outra forma de existir.
Segundo: eu tenho pensando muito na dança que quero fazer, e na que eu não quero fazer também! Acho que tendo a ficar cada vez mais recluso (essa decisão vem tomando corpo ao longo dos anos).
Eu me apresento cada vez menos na minha própria cidade (aqui não existem bons teatros, com bons equipamentos), é difícil ser levado a sério como artista nesta terra de Iracema. Então, eu não saio da minha casa para dividir o meu precioso trabalho em qualquer canto, eu não estudei tanto para isso, e centenas de vezes já disse: não fui dançar na esquina com as negas desses fulanos.
Fato, dancei muito, em grandes teatros, nos melhores festivais, e depois??? Hoje eu acho que a maioria dos artistas de dança não faz metade do que realmente gostaria, quase todo mundo toca os seus trabalhos focando em determinado festival, em determinado curador, em determinado crítico, uma babação sem fim, quase nada chega de forma autêntica. Como é difícil esse exercício de ser o que de fato somos.

Ser artista é isso! Quando vejo grandes artistas, como: Pina Bausch, Woody Allen, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Picasso, penso nisso: eles foram (são) grandes porque sabiam (sabem) muito de si.

Não quero fazer parte da 'roda', quero criar a minha própria 'roda'.
Pensando em tudo isso, me bate uma enorme falta de vontade de dançar, e eu começo a pensar que não vim ao mundo pra ter essa vida de cachorro. É preciso mais que isso para me satisfazer, eu mereço uma vida sem mediocridade, autentica! Sempre.
Penso na dança que quero fazer...Depois de ter tido uma formação, de ter construído um corpo, uma técnica... E agora para que me serve isso?

A dança que ainda quero fazer (se é que ainda quero) quer apenas chegar no outro, nada mais.



Abaixo o vídeo do trabalho de um amigo, ele se chama Wagner Schwartz, é um puta performer, é um puta cabeção, e sobretudo é um artista que sabe o lugar do seu trabalho.
Poucos artistas me inspiram tanto quanto esse cara.

Leiam o pequeno release do trabalho na página do vídeo no youtube.






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