domingo, 8 de janeiro de 2012

É tempo de mudar as samambaias de vaso - 02

Foram dias lindos, mais uma vez lindos os dias em Canoa. É incrível como consigo me desligar de tudo ali naquela cidade. E isso é tão difícil para uma pessoa como eu, sempre plugado, sempre tão cheio de pressão por todos os lados.
Passei quatro dias de sol e mar, sem celular e sem internet, honestamente não senti a menor falta, pra que sentir falta? Eu tinha o mar, a companhia dos amigos, e do meu amor (um dos meus dois amores).
Canoa me traz  uma tranquilidade difícil de definir, mas é mais ou menos assim; toda vez que chego lá, eu me sinto bem, mesmo que eu não esteja tão bem, e quase sempre não ando nada bem (como ficar bem com uma vida feita de ausência?).
Olho para o mar, mergulho, sinto o seu cheiro, o cheiro de mar misturado a lembrança do cheiro da tua pele... escuto o reggae na beira da praia, a música eletrônica na rua principal, subo e desço as falésias com conhecimento de causa, como se fosse um nativo. Sinto um orgulho bobo e silencioso de ser cearense.
Vivo toda a dor e alegria de ser o sou, dia e noite, noite de dia de Canoa, não quero que os dias acabem, mas eles vão passando um a um, escorrendo como o sol para dentro do mar. 
Rihanna, Shakira, Jennifer Lopez, bato o meu cabelo, grito, caio de rir, me permito tudo em Canoa. Aliás, será que existe um lugar em que eu não me permita viver?
Ando de um lado para o outro com uma pequena sunga, desperto  líbidos por onde passo, rio por dentro do que o desejo é capaz. O corpo quase nu parece pegar fogo, mas não pega! 
Falta-saudade-dúvida, durante esses dias por onde você andou? Mais um reveillon em Canoa, mais um reveillon sem saber de você, mais uma volta pra casa, e a triste constatação: nenhum email, nenhuma mensagem no celular, e muitas contas a pagar. Eu queria jamais sair de Canoa, jamais dizer até breve aos amigos que voltam para a suas cidades: Juazeiro, Macapá, Paris.
Ontem eu fui a um casamento lindo em uma capelinha na beira da praia, quando os noivos saíram tocou um pequeno sino, como nessas igrejinhas de novela. Era três da tarde, eu estava emocionado depois de ter sentido tanto medo de ir a um casamento.
Logo depois seguimos estrada a fora, quilômetros e mais quilômetros de praia, como essa terra é linda, e quanto me falta ainda conhece-la melhor! Chegamos na festa, tudo tão bonito, poucos casamentos que presenciei foram tão bonitos quanto este, uma cerimonia simples em uma capela pequena (com as pessoas pessoas vestidas da forma que queriam), e uma festa triunfante, em uma casa maravilhosa com uma piscina em forma de lago no meio de um gramado que dava direto na areia da praia, ali o mar era o fundo por trás da piscina. Sentei em sua borda e fiquei ali por muito tempo, ponderando, ponderando, deixando o vento bater sobre o meu rosto, sacudindo os meus cabelos e voltando para fazer ondas. Mais uma vez eu me perdi olhando o mar. Pensando no tempo das coisas. Eu queria tanto que o mar engolisse esse amor que tenho por você. Nada ali parecia imperfeito, a não ser pela tua falta. 
Eu vestia uma roupa vintage maravilhosa: calças risca de giz, com  sapatos quadrados apropriados para uma festa em um fim de tarde, e blusa de renda azul clara. De bigode e taça de champanhe na mão, eu parecia um personagem de Felini, ou Clark Gable, se não fosse pelos meus olhos negros seria o próprio, droga! Ao fundo tocava jazz, músicas regionais (forrós pé de serra, e não eletrônico, que fique claro), e Madeleine Peyroux.
Fiquei pensando no quanto a gente sonha em vão. Tomei uma, duas, três, quatro... Acho que umas vinte ou trinta taças de champanhe, cheguei em casa as quedas, mal podia subir o batente do portão. Eu queria te esquecer te todas as formas, mas... Você insistentemente veio me visitar em sonho. Nem quando perco os sentidos eu te esqueço.
Feliz ano novo!
Feliz dias melhores, eles devem se encontrar em algum lugar perdidos a minha espera.
Quanto a você, eu não sei, eu sinto um cansaço enorme, uma sensação real de ter nadado tanto e quase ter chegado na margem do rio, mas não consegui chegar.
Não há mais o que ser feito, a nãos ser seguir. 
E é tão infinitamente triste me dá conta disso.
Eu preferia a ilusão que tive de um dia poder te ter.

Que texto chato.




Nenhum comentário:

Postar um comentário