quinta-feira, 24 de março de 2011


Quero uma dança que me livre das armadilhas do mercado. Uma dança selvagem, cheia de pulsação da vida. Desejo heroicamente resistir às imposições que me são feitas pela arte contemporânea. Imposições que imobilizam, que nos torna incapazes de discernir o que criamos do que nos é empurrado goela abaixo. Não seguirei um grupo de cinco pessoas que pensam a dança por mim. Recuso-me a segui-las, recuso-me a lustrá-las com a minha preciosa língua. Eu faço as regras, eu guio a minha dança para onde ela deve ir.
Hoje, enquanto enviava uma penca de emails para diretores e produtores, chovia mais uma vez lá fora. Aqui dentro, eu, um bailarino sentado, teclando pelado, ouvindo os gorjeios de Maria Callas.
Em um impulso, peguei a câmera filmadora, foquei-a na melhor fotografia do meu quintal (entre terra, árvores e água), e dancei sob o céu que desabava. Dança da alma, dança que limpa todo resquício de obediência, dança em torno de si, para si, para escutar e perceber a si mesmo, como um trovão estremecendo dentro das vísceras.  



O material dessa experiência é belo, e “sem” valor.

2 comentários:

  1. maria callas..
    ummm tao warholiano para mim.

    já sabe que concordo né...preciso nem dizer bailarino pelado teclando rsrsrsr
    bjus

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  2. essa dança livre mostra que, ao contrário da maioria, você não dançou.

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