sábado, 5 de março de 2011



águia nordestina
a guiar meninos e meninas
como eu
comove-me vê-la
asas como velas abertas no céu

assistir teus partos
braços parcos barcos
lacrimejando portos
dando adeus

deusa d'água
iemanjá de cacimba
iansã iara minha irmã
curuminha cunhatã

meu coração
é uma cuia que transborda
um arco reteso
um bicho assustado de amor
um rumor de capim crescendo

águia nordestina
abre as asas sobre nós
meninas e meninos nus

ainda índios
para sempre teus

como filhos
novilhos
tordesilhos
mato adentro
mar afora
goytaquases
para sempre teus.



De Chico César para Maria Bethânia via email.


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