quarta-feira, 30 de março de 2011

Uma ótima quarta-feira pra todo mundo!



Comboio de carros quatro por quatro, populares, e até Kombis.
Comboio de viados, sapatões, heteros, bissexuais, transgêneros, mauricinhos, patricinhas, emergentes, maconheiros, pretos, pobres, milionários, brasileiros, gringos e  putas, lindos aidéticos, respeitosas famílias, e anões.
E ainda nós (garotos do bunda- lê lê), a caminho do show do Kid Abelha, em Iguatu-CE.


terça-feira, 29 de março de 2011



Do alto dos meus saltos eu conheci o mundo,
e pude perceber melhor o meu lugar.
Com o corpo inteiramente tisnado de preto,
envolta de objetos, cenário e toda a caixa cênica igualmente negros,
ao som de Caetano Veloso, cantando em Inglês.
Eu me descobri cearense e estrangeiro, estrangeiro e cearense.


Foto 01 - Espetáculo Cover, foi apresentado entre 2005 e 2007
Foto 02 - Espetáculo L'après Midi d'un Fauller, apresentado em 2009,
e voltando em cartaz exatamente em um mês.


"L'après Midi..." é uma reflexão sobre deslocamentos multiculturais de resistência artística. 
É sobretudo uma dança que se organiza de forma poética e política, 
construída a partir de uma experiência.


domingo, 27 de março de 2011



A gente só consegue por alguém no colo através da doçura.





Wila e Fauller, Vitória / ES - 2010




sábado, 26 de março de 2011


Nem nos meus melhores sonhos, eu poderia imaginar que em um sábado qualquer,
eu seria acordado a tarde com você chamando no meu portão, rsrs.

Foi melhor que sonho bom, quando acordei vi as nossas três xícaras ainda sujas na pia, e ainda assim, foi dificil de acreditar, então perguntei se você tinha vindo mesmo, e a mulher amada me respondeu: veio sim, meu amor, e eu estava aqui presente.





sexta-feira, 25 de março de 2011

Ah, Divas!

Com a morte de Elizabeth Taylor, muito se falou essa semana em beleza e elegância. Então ainda pegando esse bonde. Eu vos deixo aqui com cinco performances memoraveis de cinco divas que vieram ao mundo para não serem jamais esquecidas. Aproveitem, e aprendam um pouco de elegância! São tempos áureos, tempos em que as mulheres se faziam MARAVILHOSAS. E melhor de tudo, não saiam produzidas, e de havaianas (oras, tenham um pouco de classe). Vídeo 01 - Esse vídeo da Marilyn Monroe é incrível, enche os olhos o cuidado em todos os aspectos. Atenção ao começo do vídeo, que nunca, nunca é divulgado. Foi Marilyn com suas interpretações cômicas, sempre fazendo a "bobinha", a figura que reforçou o termo "loira burra", se é que não foi criado a partir dela. Mas em uma breve fala, Marilyn resumiu a si mesma: eu não estou interessada em dinheiro, eu só quero ser maravilhosa. E assim ela foi. Até o fim. Vídeo 02 - Marlene Dietrich, essa era o cão em forma de gente. Além de ser uma pessoa não muito confiavel. Tinha um segredo de beleza, passava gelo no rosto para fechar os poros antes de se maquiar. Certa vez, sua filha chegou de surpresade viagem, e lhe pediu para passar um tempo em sua casa, o que a fez responder sem pestanejar: não tenho tempo para desabrigados! E bateu a porta. Madonna tentou várias vezes conhece-la pessoalmente, mas ela sempre se recusou. Certa vez perguntou: quem é essa vagabunda? Não quero conhecê-la. Vídeo 03 - Rita Hayworth era mesmo linda! Quero dizer, já naquela época as divas eram produzidas, sua testa foi aumentada, pois ela tinha cabelos até próximos das sobrancelhas, seu cabelo naturalmente loiro foi tingido de ruivo. Certa vez um jornalista lhe alfinetou: Rita como é levantar pela manhã e saber que não é mais uma bela mulher? Rita, respondeu com um afiado senso de humor: querido, eu não tenho esse problema, pois eu nunca levanto antes do meio dia. Vídeo 04 - Há vinte anos atrás Madonna gravou um LP para a trilha sonora do filme Dick Tracy, a sonoridade do LP é diferente do que normalmente vemos de Madonna, é todo em um clima de cabaré do anos 30.Uma dessas composições ganhou o oscar de melhor música naquele ano. E Madonna, a estrela do momento, não desapontou, e apareceu na cerimonia acompanhada por ninguém menos que Michael Jackson. Um verdadeiro assombro para o mundo, a chegada dos dois. Vídeo 05 - Por fim, eu deixei para postar uma grandiosa performance daquela que para mim foi a maior de todas as divas, Maria Callas. É de chorar com a beleza de seu canto e de sua presença majestosa, apenas três anos antes de sua morte. Seu sobrenome CALLAS é um anagrama, feito com a palavra SCALLA, nome da famosa casa de ópera, situada em Milão. Lugar em que ela se apresentou por várias vezes. Chegando a desmaiar certa vez após as cortinas se fecharem.

quinta-feira, 24 de março de 2011


Quero uma dança que me livre das armadilhas do mercado. Uma dança selvagem, cheia de pulsação da vida. Desejo heroicamente resistir às imposições que me são feitas pela arte contemporânea. Imposições que imobilizam, que nos torna incapazes de discernir o que criamos do que nos é empurrado goela abaixo. Não seguirei um grupo de cinco pessoas que pensam a dança por mim. Recuso-me a segui-las, recuso-me a lustrá-las com a minha preciosa língua. Eu faço as regras, eu guio a minha dança para onde ela deve ir.
Hoje, enquanto enviava uma penca de emails para diretores e produtores, chovia mais uma vez lá fora. Aqui dentro, eu, um bailarino sentado, teclando pelado, ouvindo os gorjeios de Maria Callas.
Em um impulso, peguei a câmera filmadora, foquei-a na melhor fotografia do meu quintal (entre terra, árvores e água), e dancei sob o céu que desabava. Dança da alma, dança que limpa todo resquício de obediência, dança em torno de si, para si, para escutar e perceber a si mesmo, como um trovão estremecendo dentro das vísceras.  



O material dessa experiência é belo, e “sem” valor.


E hoje o mundo amanheceu mais feio, sem a devastadora beleza dos "olhos cor de violenta" de Liz Taylor.
Eu me sinto tocado como se uma nota altíssima saísse da garganta de Maria Callas em direção a uma taça de cristal finissima. Quebrando-a. Jogando ao chão o pesado lustre de cristal da sala de jantar.
É o belo que se vai, que se esvai em morte, em estilhaço.
O tempo distrói tudo, e toda beleza vira pó.



E Elizabeth Taylor traduziu isso em seus olhos, em seus diamantes, em sua louca forma de viver, e de amar tantos homens.
Em sua forma de saber que apenas um foi de fato amado até o fim.



Ai, como eu queria ter um anel de diamantes, para rasgar a cara do homem amado em um momento de fúria. Dizem que corte de diamante nunca mais fecha, mesmo depois que cicatriza.
Imagino quantas vezes ela tentou mata-los com seus diamantes, e quantas vezes foi jogada ao chão, em puro drama, pura dor. Que amores calhordas!

Elizabeth Taylor é a bela lembrança que o tempo vai demorar a transformar em pó.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sou cearense e estrangeiro


                                   

terça-feira, 22 de março de 2011

Martha Graham e Madonna



Se a música pop tem em Madonna, uma rainha. A dança não tem uma majestade, mas vários deuses. E sem dúvida, Martha Graham é uma "deusa",uma figura tão importante para a dança do século XX, que talvez ninguém neste século possa ter tamanha grandeza. 
Pina Bausch é outra deusa, e deixou um importante conjunto de obra, mas Martha além de sua obra deixou uma técnica, tão complexa e tão difícil quanto o balé clássico. Eu que tive a oportunidade de fazer aulas de sua técnica que o diga, de veras dolorosa e difícil, sobretudo para nós, homens, pois ela mexe com a pelvis, com a respiração, com os órgãos internos, e se comunica de forma muito íntima com o corpo feminino (com seus órgãos, abertura e basculação de bacia).
Também acho incrível o pensamento dessa mulher a respeito de dança, vida, bailarinos, e a forma como ela quebrou tantas estruturas estabelecidas, tornando-se figura fundamental da dança moderna.
Aqui, seguem-se algumas fotografias feitas por Madonna em 1994, como tributo a coreógrafa, ela sustentou o estúdio de Graham em seus últimos anos de vida.
Madonna tem uma sensibilidade única, por traduzir para as grandes massas, artistas e obras que a princípio estão fadados a pequenos circulos de pessoas.
Ela fez isso com o trabalho de Martha Graham (EMBORA, Graham fala por si só), Frida Kahlo (comprando quadros dela e citando-a em uma determinada época de sua carreira), também fez isso com a socialite Peggy Guggenheim (excentrica e viciada em obras de artes), passando pelo cineasta Luchino Visconti, os fotografos Guy Bourdin, Herb Hitts, o papa do pop art Andy Warhol, e tantos outros.
Cada vídeo clip de Madonna é cheio de referências cinematográficas e fotográficas, que podem passar batidas por quem só a percebe como industria de entretenimento.










Confesso que apredi muito com Martha sobre a pulsação da vida. E com Madonna sobre mecanismos de construção da imagem. E sobretudo aprendi a me interessar por coisas que normalmente não são as coisas que todo mundo anda interessado.


Pessoas,

Tenho tido pouco tempo para escrever longos textos. Embora me sinta atravessado por tantas questões que gostaria de fato de poder dividir com vocês.
Eu tenho passado boa parte dos meus dias envolvido com o meu trabalho, dividido entre os ensaios de De-vir e L'après Midi D'un Fauller ( ah , e também com um novo projeto).
"L'après midi" me divide ao meio, horas me enche de alegria pelas descorbertas, e horas me deixa a flor da pele, causando-me uma estranheza, um incomodo muito grande. Ontem depois de muito quebrar a cabeça, eu desisti, e fiquei pensando que talvez eu esteja sendo duro demais comigo, tentando inventar o que já estar feito, tentando inventar a roda.
Pausa para respirar e me localizar.
Sem afobação.
Será que eu consigo?
As vezes eu acho que não vou conseguir, mas aí eu persisto, e então as coisas começam a tomar o rumo certo.
Fora a isto, eu tenho mantido o hábito de ler e ir a academia (isto é cada vez mais difícil pra mim, vou começar a comprar equipamentos para malhar em casa, ir a academia e me deparar com aquelas pessoas de cabeça vazia, não me faz bem).

Quando eu olho pra tudo em minha volta, eu penso exatamente na educaçao que tive, desde de criança minha familia me criou de forma extremamente disciplinada. E hoje eu não sei fazer de outra forma, eu não acredito em nada, ou em ninguém sem disciplina. Minha disciplina já me salvou de me matar rsrsr, eu pensei: como vou me matar se eu ainda tenho tanta obrigação por fazer, rsrsrs. 
É foda, eu continuo aquele mesmo menino que quer tirar as notas mais altas da sala de aula.
É da minha natureza, e isso não vai mudar.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Bem, como antes de ontem eu peguei pesado no texto do post anterior, eu agora quis me redimir, hahaha, e tirar um pouco o rastro de cu que ficou, então vou dividir com vocês as flores do meu jardim, vou deixa-los agora com um rastro de delicadeza, huuuuummm... com um rastro de flores, huuuummm...



Essas são as minhas lindas orquídeas, ao contrario da maioria, elas adoram sol, são chamadas de "orquídeas bambu". Esses pés já estão tão altos que quase tocam o teto.


Mas confesso mesmo, é que tenho paixão por esse pé de jasmim, é uma árvore bem regional, penso eu, e as flores são tão simples, e tão delicadas. Um único buque leva meses para se formar.


Essa última é uma trepadeira, passei anos com ela arquejando, até que descobri que ela não gosta de vento. Mudei a coitada de lugar, e ela me agradeceu, se desmanchando em flores e nova folhagem.




Por fim, meu quintal, um verdadeiro santuário para mim. É aqui que leio no final de tarde, acesso internet, mexo com a terra. E recebo visitas dos amigos, de beija-flores, e (pasmem) até de carcarás (é uma espécie de gavião, uma ave de rapina do nordeste).


Para Silvia Moura (a menina monstra), acho isso tudo a cara dela.

terça-feira, 15 de março de 2011


Antes de ontem foi domingo, e eu não fiquei em casa, fui para a sala de aula, trabalhar faz bem a alma, e certamente dignifica o homem. Uma mestra do passado já dizia: meu querido, quando tudo estiver dando errado, entre na sala dia após dia, e apenas dance, dance até quebrar todas as suas resistências da alma.
Ela estava certa. Iniciei na prática o que já vinha tocando há tempos na teoria, eu só queria uma desculpa.
Hoje voltei a sala para ensaiar L’après Midi D’un Fauller. Não foi nada fácil, putz, como é difícil ensaiar esse trabalho. Como é difícil revisitar as sensações, e as motivações que me fizeram querer o compor. Eu não sei se ainda quero ficar muito tempo o apresentando, depois que cumprir com todas as minhas apresentações que já estão agendadas. Torço para que não seja um tormento.
Tudo foi difícil, subir novamente naquele salto alto de 18 centímetros, e puxar suas rédeas. Subir no monociclo foi ainda mais doloroso, parece que ele trás uma carga de lembranças, e de sensações que me colocam como alguém solitário, nas bordas do abandono (em um determinado momento, enquanto estava sentado ainda nele, parei na janela, olhei o horizonte possível de se ver, e fui de veras tocado por aquela música, não me contive). Desci, e em um desespero contido de sala de aula, me sentei e escrevi compulsivamente. Que bom, que bom mesmo, isso me trouxe de volta tanta lucidez, várias questões que me incomodavam no trabalho acabaram se resolvendo ali mesmo, trouxe para casa outras a serem resolvidas sem mais temor, e junto a elas trouxe uma certa alegria em me sentir vivo com esse processo de trabalho.
Agora outra questão, que vem tomando o meu pensamento há muitos dias. Eu fico realmente muito impressionado com a quantidade de pessoas que visitam esse espaço, talvez por eu ter um dia achado ingenuamente que ele era só meu e das pessoas que eu escolhesse, que bobo isso. Mas de fato o que me impressiona é que quase todo mundo cala. Eu não sei, se isso denuncia uma carência minha em dialogar com as pessoas, ou se de fato calam por ser mais cômodo diante dos meus posts (entendo que deva ser muito mais cômodo e "fascinante" postar frases "meigas" no facebook, e ter 40 comentários, e várias "curtições", entendo que o ego precisa ser amaciado dia após dia).
Eu tenho consciência do tamanho da minha exposição, estava conversando sobre isso semana passada com um bailarino que trabalha comigo, e não é porque eu estou pelado mostrando o pau, mostrando o cu, não, nada disso, até porque cu pra mim é igual a boca, é igual a qualquer outro buraco que tenho no corpo, cu é uma bobagem gente, e também é uma delícia, não? Adoro cu, gosto de cu de mulher, embora prefira cu de homem, os pelos em volta, o piscar cheio de opinião, sabe? E o cheirinho? Muito bom cheiro de cu, lembro de uma vez em que o amigo coreógrafo Marcelo Evelim me disse que não gostava de um espetáculo que acabavamos de assistir, porque segundo ele "estava todo correto, mas faltava aquele cheirinho de cu, que uma coisa tem quando é boa".  Olha eu aqui, já quase filosofando sobre o fascínio que o cu exerce sobre nós (o cu tem as suas finalidades nobres também, não sejam hipocritas, que eu sei que vocês adoram, kkkkk).
Mas para mim, exposição mesmo, é quando falo das minhas fragilidades, dos meus medos, dos meus anseios, aí sim, me sinto me desnudando. De qualquer forma sei que um dia posso pagar caro, por me expor sem pudor ou culpa, também já conversei sobre isso com outra amiga, e ela me disse que é verdade, que posso pagar por isso tendo o meu nome jogado na lama, mas que sabe também que se isso acontecer, sabe que eu tenho culhões para agüentar o tranco.
E no fim das contas, tudo isso me coloca pra pensar em como as pessoas da minha cidade são caretas, e os artistas não fogem a essa regra, aff, cidade careeeeeeeta. Pior, sem querer generalizar, é que alguns artistas se acham os tais, contemporâneos, modernos, só porque colocam algumas citações no facebook, chatos.
Nossa, mas eu estava indo tão bem, estava tão doce, de repente fiquei assim, amargo. É, é isso mesmo.
É melhor eu me deter aos meus processos, que ficar aqui analisando ética, e posicionamento artístico alheio.


sábado, 12 de março de 2011










12 de março de 2011, 18:10h
Hoje mais um dia de tristeza para mim passou, e no meu olhar nada se alegrou...













Tudo isso vai passar.
Foi só um engano,
só um sonho,
e só uma loucura minha, claro.


sábado, 5 de março de 2011



águia nordestina
a guiar meninos e meninas
como eu
comove-me vê-la
asas como velas abertas no céu

assistir teus partos
braços parcos barcos
lacrimejando portos
dando adeus

deusa d'água
iemanjá de cacimba
iansã iara minha irmã
curuminha cunhatã

meu coração
é uma cuia que transborda
um arco reteso
um bicho assustado de amor
um rumor de capim crescendo

águia nordestina
abre as asas sobre nós
meninas e meninos nus

ainda índios
para sempre teus

como filhos
novilhos
tordesilhos
mato adentro
mar afora
goytaquases
para sempre teus.



De Chico César para Maria Bethânia via email.


sexta-feira, 4 de março de 2011


É carnaval, quanta alegria... me deixe fora dessa euforia de três dias.

                                                        Eu estava de Luis XIV, o rei sol
                                                        Também veio a Amy Winehouse
                                                    Adoro essa foto com a Gal Tropicalista
                                                                  Fetiche

quinta-feira, 3 de março de 2011

Esses teus traços da mais pura descendência indígena, menino-filho Tremembé.


Mergulhei em um rio e a água tornou-se turva, me desesperei, quase não via nada, me debati com braços e pernas, quase me afoguei. Foi então que por alguns instantes, eu me deixei levar pela força da correnteza, me acalmei, e sem fazer grande esforço a água me trouxe de volta a margem do rio.
Ali sentado, eu percebi que eu poderia antes de ter entrado, ter admirado a paisagem em volta, molhado primeiro os pés, eu poderia ter ficado ali, na margem por horas, sentado e em silêncio, apenas escutando a água antes de entrar. Mas não, quase morri porque entrei de cabeça, pura afobação.
Mesmo os homens fortes de corpo e de alma, como eu, às vezes são pegos de surpresa pela força da vida, e dos acontecimentos, e isso tudo é bem capaz de nos tornar “crianças” perdidas em meio a uma tempestade.
Eu estive mergulhado em um grande rio turvo, e foi aí que eu percebi como o silêncio se faz necessário, às vezes a gente fala muito, faz muito, quer muito, sem antes sentar na margem do Rio.
Esse texto ainda tem haver com o último, que postei um mês atrás, mas agora eu consigo parar, respirar, pensar, e ver tudo com mais discernimento. E isso é tão bom, mesmo que as coisas ainda não tenham se resolvido, mas eu simplesmente consigo ouvir o silêncio agora, envolto a toda correnteza.
Eu não sou um homem de desistir das coisas que quero, talvez por isso eu consiga tudo o que quero, sempre consegui. Mas acho que eu estava confundindo ser forte, com usar força, com fazer algo sempre. Parece que eu não lembrava de como havia conquistado as outras coisas. E às vezes tudo o que a gente precisa pra ser forte é não fazer nada, é poder olhar o rio de fora.


Foi que você me apareceu com essa pele parda, com esse cheiro de bicho do mato (filho de pescador), com toda tua beleza da mais pura descendência indígena, menino-filho Tremembé. Ah, esses teus cabelos lisos, negros, macios. Olhos puxados, que por pouco não me fizeram perder a cabeça. Justo eu, tão polido, tão culto, tão cheio de coisas.