segunda-feira, 11 de junho de 2012

O que pensar sobre as vaias a Cid Gomes


Com 22 edições no currículo, o Cine Ceará firmou, ao longo de sua história, um dos públicos mais interessantes do nosso cenário cultural. Ora mais minguada, ora mais volumosa, a plateia do festival sempre foi muito expressiva, aplaudindo ou cobrindo de vaias, sem grandes cerimônias, quem assim acha que merece. Na última sexta-feira, por exemplo, entre as muitas palmas aos premiados e homenageados, o governador Cid Gomes concentrou boa parte das vaias.

Eis que começa a respingar na sagrada imagem do governador a crise de gestão na Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Pouco a pouco, a má condução na pasta, alvo de mais uma mudança em seu comando por conta do xadrez eleitoral, começa a deixar as rodinhas de conversa dos artistas e passa a ganhar o debate público. Basta ver que o assunto agora começa a ganhar corpo no noticiário político. Na coluna do último dia 8 no O POVO, o jornalista Érico Firmou comentou largamente a situação e concluiu: “A Secretaria da Cultura do Ceará é que não merecia ser tratada com tanta indolência e descaso, jogada de lá para cá pelas futricas políticas”.


Ontem, também no O POVO, Alan Neto foi mais duro ainda e disparou: “Solução para a Secult só quando for nomeado alguém do ramo, artista especificamente. Políticos lá dentro que nada manjam, nunca viram uma peça de teatro, são meras figuras de papelão. Como sofre a nossa classe artística. Acorda, Cid!”. Como Alan e Érico Firmo, outras tantas vozes anônimas afinam pensamento semelhante. Que o diga o coro de vaias que o Cine Ceará destinou ao governador na sexta. É fato: beira o limite a situação em que a Secult foi colocada.


Quisera o problema da secretaria fosse liderança. Não é. O que falta à Secult não é um secretário apenas. A pasta teve quatro nos últimos tempos e nada aconteceu. Falta um projeto. Cid Gomes não sabe o que quer da Cultura. Uma pena. Falta ao governador entender que a cultura não é firula, que ela é, como o turismo ou a educação, algo absolutamente estratégico. É motor para o desenvolvimento. Sem cultura, o Ceará não avança. Pelo contrário, pode é retroceder.

Magela Lima
magela@opovo.com.br 



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