sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sobre a passagem por Vitória


Voltar em Vitória é sempre um prazer. E sobretudo quando as coisas ocorrem bem.

Chegamos na noite de domingo, cansados, mortos, e dormimos, nada mais.

No dia seguinte, o primeiro contato com a platéia capixaba, exatamente um ano depois. Era a nossa estréia no “Pensamento Giratório”, o pensamento é uma das atividades dos grupos que passam pelo “Palco Giratório”. Chegamos super forte, discurso inflamado, consistente, um texto, dois, três textos da Cia. Dita.

Comecei lendo o meu texto, depois Henrique leu o dele, depois Marcelo, e por fim pedi a Wilemara Barros que falasse de um ponto importante dentro de sua trajetória nos nove anos de espetáculo.

Em seguida abrimos para o bate-papo, platéia silenciosa, olhares se cruzaram, e enfim um senhor quebra o silêncio, ele diz algo arrebatador: para mim a nudez não é proposta, para mim a nudez é fato, vestir-se é que é proposta. Outra pessoa colocou-se, depois outra, depois outra, e eu, e os demais, e fomos tecendo uma conversa muito proveitosa, cheia de significado para cada um de nós. Foi sem dúvida um lindo momento.

No dia seguinte, uma ótima apresentação, depois bate papo sobre o trabalho, saímos com a sensação de dever cumprido.

Ultimo dia em Vitória, e passamos o dia em companhia do Grupo Z, um coletivo da cidade, teríamos que dividir processos de trabalho, conversar, nos afetar, mas como fazê-lo, se nem mesmo nos conhecíamos? Minha produção me deixou quase maluco de tanta pressão, queria que eu estabelecesse um plano de atividades, eu me recusei por completo, pensei: não vou fazer isso, não vou sabotar a possibilidade de descoberta, toda a possibilidade de excitação com o novo, que bom que eu ainda ouço os meus instintos, eu não estava errado. Chegamos, nos conhecemos, conversamos por horas, reconhecemos as afinidades, muitas, e o dia passou rápido demais, deixamos a tarde cair sobre os nossos corpos em um lindo gramado, cheiro de mato em cada passagem próxima ao chão, silêncio, olhares, diálogos em silêncio, diálogos com os corpos. Minha trupe voltou ao hotel por volta das 19h, depois voltamos ao encontro do Grupo Z, dessa vez em uma mesa de bar, mais uma vez uma comunhão. Nos deixamos por volta de 1h da manhã. Era preciso ir, próximo destino Petrolina PE, na lembrança os amigos, os novos amigos de Vitória, os momentos, o tempo vivido.




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