domingo, 9 de janeiro de 2011

É tempo de mudar as samambaias de vaso


De volta à desoladora Fortaleza Bela. Cheguei de viagem ontem a noite, é sempre tão violento voltar a Fortaleza, às vezes amo, outras odeio, às vezes a cidade me parece horrível, em outras tão bonita e excitante, uma coisa é certa: me assusta pelo tamanho e pela dureza.
Nesse momento o céu parece que vai desabar aqui, adoro esse tempo chuvoso, dia cinza, de temperatura amena (se é que isso é possível no raio dessa cidade rsrsrs). Mas não me importo nem um pouco, passei dias de sol, de luz no espírito, em Canoa e depois em Juazeiro.
Mais uma passagem de ano em Canoa Quebrada (adoro, é tão mais excitante que em Paris, e isso eu posso garantir). Comboio de carros quatro por quatro, populares, e até Kombes. Comboios de viados, sapatões, heteros, bissexuais, transgêneros, mauricinhos, patricinhas, emergentes, maconheiros, pretos, pobres, milionários, brasileiros, gringos, putas, lindos aidéticos, respeitosas famílias, e anões.
Uma verdadeira fauna desembarca em Canoa todos os anos para curtir a intensidade da vida e da luz do Ceará, e tem lugar para todos nesse pedaço de paraíso sobre a terra.
Das lembranças, dias enlouquecidos (não me drogo, por favor, mas fico bem alegrinho com umas cervejas hahaha), muita música, dança, coincidentemente o bar em que as coisas fervem, se chama “Todo Mundo”, lá é possível dançar em cima das mesas, o que acaba criando uma certa disputa de quem chama mais atenção, de quem tem mais poder na pista de dança (ops, na mesa de dança), e dá-lhe Madonna, Lady Gaga, Rihanna, Shakira, música eletrônica e bate cabelo. Pra quem quer algo mais tranqüilo, é só descer rua a abaixo, depois falésias abaixo, e lá estará o luau: clima incrível, muita gente bonita, fogueira, mar, reggae, e para os amantes m......a (e eu ainda prefiro a minha cerveja e uma boa companhia, pode ser a dos meus queridos amigos, mas geralmente vou com a minha mulher), ficamos por lá até o dia amanhecer. Isso se repete todas as noites... Na volta para dormir, o bar “Todo Mundo”, aquele das pessoas dançando sobre as mesas, ainda ferve de gente, ninguém quer dormir, ninguém quer que acabe, nem eu!
Mas enfim os dias passam, e depois de mais um réveillon Canoa volta a ser o que de verdade é: uma cidadezinha praiana a 200k de Fortaleza.
Seguimos dessa vez direto para o Juazeiro (interior do Ceará, é uma cidade já bem grandinha, tem até metrô, coisa que não temos ainda em Fortal, fica longe, de oito a dez horas de distância da capital).
No caminho, eu descortinei a paisagem do sertão com olhar que jamais havia experimentado, por do sol dourando pequenos lagos, árvores irretocáveis que de tão frondosas mais pareciam bonsais, a caatinga verde de inicio de ano exalando um cheiro de mato enquanto o vento batia no meu rosto pela janela do carro, incrível cheiro de mato! No som do carro, mais Rihanna (only girl), mais Shakira (loca), Caetano, risos, silêncio!
Os dias que se seguiram foram de intensos sentimentos (da alegria selvagem a saudade profunda). Também afirmo que passo da agonia ao êxtase, às vezes rápido demais.





4 comentários:

  1. o que me impressiona aqui não é o que leio, o texto, mas o que está nas entrelinhas. Tua forma de escrever é altamente expressiva. Entre as linhas há sub-textos que não desprezo. Adoro simbolismos.

    Bem vindo de volta e depois leia a minha entrevista.

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  2. hey, faltou ler a entrevista!

    Recebi teus comentários, mas faço questão de que você leia a minha entrevista. E não suma porque na semana que vem vou publicar a tua.

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  3. Poxa, que texto magnífico. Você descreve om tanta paixão que da vontade de programar a próxima virada pra passar lá.
    Estava com saudades dos seus textos, da sua visão de mundo, dessa oisa boa que você transmite aqui, com textos, fotos, arte.

    Feliz 2011, e seja bem vindo novamente.

    bRu.

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  4. Fauller

    exclua a verificação de letras aqui nos comentários.

    Gosto de deixar registradas impressões e isso atrapalha.

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