domingo, 19 de setembro de 2010

Erotica

Em setembro de 1992 a agulha riscava o vinil pela primeira vez como o zunido de uma chicotada.

Erotica...eu gostaria de te colocar em transe...
Era Madonna matando a cobra e mostrando o pau!
Um mês depois em 20 de outubro o mundo é pego com as calças na mão. Madonna a rainha loira da música pop, lança seu quinto disco (Erotica), na época lançado em formato LP e Fita Cassete.
Em 1992 o mundo passava por grandes mudanças de costumes, estavamos em plena era moralista que ganhou força total com a questão da AIDS que acabava de assolar o mundo dos anos 80, era meio que uma era pós-AIDS, embora a doença ainda seja um problema (um pânico de todos nós) até hoje.

 Naquele ano eu estava com 14 anos, e lembro bem o impacto que Madonna causou em todo o mundo. lembro do outro dia quando cheguei no colégio, após o clip exibido em primeira mão no Brasil pelo "Fantástico", e um professor teceu comentário besta iniciando a sua aula.
Erotica vendeu apenas 7 milhões de copias em todo mundo, um fracasso para os padrões de Madonna, o album veio um dia antes do lançamento de seu livro Sex, o verdadeiro motivo que ofuscou o disco, criou-se então uma nevoa de notícias e crítcas em torno de Madonna.
Hoje quase vinte anos depois, o disco é considerado enfim uma obra-prima da música pop, e um dos mais respeitados da carreira de Madonna. Nele existem as baladas pop, especialidade da diva, e também sua fixação na corrente hip-hop, e até leves pitadas jazzisticas. Madonna explora uma cantilena rap que descobriu anteriormente com "Justify my love", aqui ela parece enfim chegar em sua maturidade sonora e artística. Ninguém foi mais comentada, festejada, criticada, amada e odiada naquele ano, ninguém também conseguiu brilhar tanto quanto Madonna/ Dita, elas já não se separam.
Quem esperava um mundo de putarias, enganou-se. Erotica trás além do assunto sexo, letras que falam de encontros e desencontros, paixões mal sucedidas, broncas feministas, e temas fortes como a perda de amigos recorrente da Aids.
Erotica produziu pelo menos cinco singles que não vão se esfarelar com o passar do tempo, além de Erotica, veio junto Fever, Bad Girl, Rain e Deeper and deeper. Todos com seus clips primorosos da época em que Madonna tinha preocupação em fazer bons vídeos. O disco também tem excelentes faixas nada conhecidas como Thief of Hearts, Why's it so Hard, Words e Secret Garden.
Erotica trás ainda o que existe de mais moderno na época em artes gráficas, todo o cenceito e execução do encarte é de Fabian Baron, o vinil trás encarte duplo com capa interna para cada um dos discos, uma raridade hoje.
Tanto o disco quanto o clip homônico, foram fatores determinantes na minha construção artistica, no refinamento do meu olhar. Enquanto o disco trás belissimas músicas, e confesso, algumas dificeis para um ouvido desavisado, seus clips são impecaveis em se tratando de fotografia. Erotica transita do onírico dos filttros fotográficos sobre as praias de Miami ao hard core dos banheiros sujos de Nova York. 
Daí passei muitos anos vendo e revendo esses clips, as capas e fotografias de Steven Meisel (fotografo que venero, darling do mundo fashionista), isso tudo me deu a possibilidade de estudar de forma auto-didata a construção de imagens ainda na adolescência.
Hoje com trinta e dois anos minhas referências são outras, e as músicas que escuto também são muitas outras. Mas ainda assim, não deixo sempre que posso, de arranhar a agulha e ouvir os primeiros acordes de Madonna/ Dita sussurando... erotica romance, my name is Dita...

Um comentário:

  1. Gosto da Madonna, acho válido o aspecto conceitual da obra dela.

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