segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Imagens fotográficas carregadas e datadas



Fiz algumas fotos ontem antes de tomar banho a noite. Olhei no espelho e gostei da forma como coloquei o cabelo, nunca o uso assim. O curioso é que depois de vê-las fiquei pensando em questões ligadas ao tempo, talvez pelo meu cabelo crescer e eu muitas vezes pelo ritmo de vida que levo, nem perceber.
Rapidamente me dei conta que daqui a exatamente uma semana início a oficina "Corpo: abrigo da cidade", direcionada para a relação com a cidade e para a iniciação de um apuramento do olhar (inclusive o fotográfico). Engraçado pensar que vou sugerir isso aos meus alunos, quando muitos deles vão chegar querendo dançar grandes variações 5 6 7 8. Essa é a forma como nós bailarinos iniciamos uma contagem de tempo, é diferente da contagem dos músicos, que começa com 1 2 3 4.
Fiquei pensando também que daqui a menos de dois meses também esterei em temporada dupla em Fortaleza (com as performances INC. e L'près midi d'un Fauller), é bom voltar pra casa depois de quase um ano fora dos palcos cearenses.
Isso significa que nesse momento vivo um "tempo de guerra", chamo assim as semanas que antecedem alguma apresentação minha, ou temporada, resumindo, nada de doces, refrigerantes, frituras...muita malhação, leitura, rever os conceitos (e estruturas) desses trabalhos que serão apresentados, rever a minha postura enquanto artista e formador de opinião, mover toda uma equipe de produção em função do trabalho.
Tenho um olhar muito exigente, poucas coisas escapam do meu olhar dentro de um teatro, ou de uma galeria: cabos, paredes, fundo, luz, acomodação do público, som, climatização, para cada coisa uma pessoa diferente, mesmo assim gosto de checar tudo depois de passar o meu ensaio e antes de me dirigir ao camarim.
Aprendi que as pessoas que trabalham comigo merecem ter autonomia, por outro lado sei que se não penso rápido em algum detalhe pequeno que possa ser esquecido, isso será a provável "bosta" no meu sapato, pequenos detalhes são sempre os que fazem a maior diferença. 

Quando entro em um teatro, tenho uma postura de reverência por aquele local, não se trata apenas do lugar onde vou me apresentar, trata-se do lugar onde vou habitar por algumas horas, ou por dias. É ali onde vou acomodar o meu espírito para em seguida partilha-lo com o público. Por isso preciso de disciplina, de um bom clima de trabalho e de afeto com as pessoas que comigo partilham esses momentos.

2 comentários:

  1. "...acomodar o meu espírito para em seguida partilha-lo com o público..." Que palavras lindas!

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  2. Saudade... Você é um verdadeiro fotografo. Fico feliz pelas suas empreitadas, desnudando o ser humano, a vontade de descobrir coisas novas. Brigado pelo carinho, você sabe como adoçar a vida de alguém. Fico esperando pra ter ver de novo no palco. Beijo.

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