sábado, 31 de julho de 2010

QUERO SER UMA ESTRELA SIM, se é que eu já não sou. E também quero ter poder. Chega dessa estória de artista aqui ser sempre pobre, mulambento, sem dignidade no olhar, viver se apresentando por um trocado, ir a eventos onde não é respeitado, ou querer aparecer de qualquer jeito.
Uma pessoa no passado dizia, não tem nada pior que um artista normal. E eu concordo com o que essa criatura discrepante dizia, sempre entendi isso. Eu não entendo realmente porque as pessoas querem ser artistas se elas querem mesmo é parecer com atendentes de caixas das Lojas Americanas.
Hoje alguém me disse que muitas pessoas chegam e falam sobre o meu ego, sobre a minha nudez, que ficam perguntando até onde eu posso ir, até quando isso vai durar. Eu sinceramente só posso rir, e realmente não devo nunca esquecer que vivo em uma província com ar de metrópole que se chama Fortaleza.
Na verdade, só consigo falar uma coisa sobre isso: normalmente quem não consegue fazer, fica muito incomodado, é mais ou menos assim: QUEM FAZ INCOMODA, QUEM NÃO FAZ SE INCOMODA!
Então vou seguindo em frente, passando por cima disso tudo como um trator, já estou muito habituado a ouvir bobagens ao meu respeito, e tenho que receber com uma certa dose de humor.
Quando estava construíndo o meu trabalho "De-vir" um dos meus professores disse pra alguém que era "apenas um trabalho de cus e bucetas pro ar", e anos depois quando o trabalho já havia sido muito bem sucedido aqui, um jornalista disse: o De-vir já deu o que tinha que dar.
Horas, ainda bem que eu não dei ouvidos a nenhum dos dois "carcamanos", outros anos se passaram, e o trabalho continua aí, mundo a fora, HAHAHAHA. E eu ainda tenho tanto a fazer com ele, sei exatamente para onde quero levar o meu trabalho, e também sei que preciso de tempo para que as pessoas me deem credibilidade, a gente só tem a credibilidade dos outros quando está perto de morrer, ou mesmo depois que morre...então, como não vou morrer agora...vou rindo, andando e cagando.
Os próximos três anos serão super importantes para a minha companhia, são eles que vão fechar uma série de ciclos abertos dentro do nosso trabalho. Ando bastante cansado da dança contemporânea, acho chato, ninguém me parece realmente excitante, poucas pessoas me atravessam, me tocam de fato. Então tenho preferido nos voltar para outras áreas, e outros espaços que não são nem teatros, nem galerias de arte...embora eu saíba que cedo ou tarde, precisaremos voltar. Mas enfim, o foco é outro, já pensamos 2012 e 2013. E todo e qualquer passo dado agora será pensando lá. Que falem as más línguas, veremos quem vai VIVER MAIS!!!


Eu não sei quem disse que ser artista é se colocar sempre na condição de MARGINAL, ser marginal não é só calçar um chinelo de couro, andar com bolsa de crochê enorme, sair fumando maconha e subindo no palco todo assanhado e com a cara cheia de oleo não. Ser marginal é sobretudo ser politico, e politica se faz através de elaboração de pensamento, de discurso, se opor na hora de se opor, e se juntar quando for necessário fortalecer a causa. SER MARGINAL É ESCOLHA POLITICA E ESCOLHA ESTÉTICA TAMBÉM, estética sem politica é o mesmo que estética sem função, não dá mais!!! Ninguém vai acreditar que em tempos de prancha e cabelos lisos, a Vanessa da Mata acorda e já estar linda naturalmente, não é?

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