sexta-feira, 22 de abril de 2011

Enfim, a páscoa!



Hoje é sexta-feira santa. Acordei lembrando de quando era criança, eu morava na casa dos meus avós. Era uma casa grande, com quadra, jardim, e amplo quintal (cheio de bichos e árvores).
Eu herdei o gosto da minha avó pelas plantas, e por bichos, lembro que ficávamos horas catando "minhocas", de cócoras para alimentar os peixes dela (minha avó era uma mulher branca, mas que agia boa parte do tempo como índia, e sem saber, creio eu). Ela sempre tinha uma cura, uma reza, uma planta medicinal, fui criado em meio a tudo isso: banhos de alfavaca, banha de galinha, mel de jandaíra, leite de janaguba, rsrs. Cada coisa, e pior que funcionavam!
Mas lembro com especial carinho e saudade das semanas santas da infância, acordava e tomava café com bejú feito na folha da bananeira, haviam tantas outras coisas: pão de côco, pamonha... nossa que delícia! 
Hoje quando acordei de madrugada para ir ao banheiro, fiquei pensando no movimento nas casas de farinha (nunca fui menino do interior, e pouquíssimo tempo da minha vida passei por lá). Fui criado em casa grande, com todos os hábitos de alguém que viveu dentro e fora da cidade, por isso fiquei imaginando todo o movimento da preparação na noite anterior, tão bacana isso!
Hoje pela manhã, enquanto comia pão de côco com a minha mulher, ficamos lembrando, e nos veio coisas do tipo: e agora? Do que as crianças poderão lembrar dos dias de hoje? Tudo tão sem encanto, tão áspero, a nossa sobrinha, coitadinha! Vai lembrar de quê? Que hoje é apenas um dia para comer chocolate. Isso é triste não?
Vi a minha família no último final de semana, quando chego lá, na casa grande, na rua e no bairro onde cresci, parece que o tempo para. Minha tia ainda me mima, como se os filhos dela não estivessem ali, faz o meu prato (nossa, alguém fazer o meu prato, só a minha tia mesmo). ´
Então eu percebo, que nos dias de hoje, tão violentos (em todos os sentidos), eu tive muita sorte de ter tido uma bela infância, com uma boa educação, e princípios de caráter.
Minha ultima lembrança de uma sexta como esta, é de quando enfim, assistia aqueles filmes bíblicos na "Sessão da Tarde", era muito especial. Hoje as crianças vão assistir "Vídeo Show", e depois "O Clone".

Mas eu vou continuar gostando da páscoa, pelo que ela significou na minha vida, por ser a época do meu aniversário, por ser uma época do ano em que "tudo é mais tranqüilo na minha vida", sem aquelas festas de fim de ano, que quase sempre odeio, sem a folia do carnaval, e sem a obrigação que o mercado quer nos impor de estarmos bem, de estarmos felizes. O mercado da páscoa também impõe, mas isso é outro assunto.


2 comentários:

  1. Mas sabe o que eu acho: as crianças, só por serem crianças, sempre - sempre! sempre! - tem o que tirar de colorido das coisas. Tudo tem muita cor quando se é crianças. Não tem hi-tech, nanochips, megabites que possam mudar essa verdade. Agora, que eu acho que a tonalidade das cores da infância ficam mais fortes quando se pode aproveitar a coisas "da natureza", NA natureza, aí sim, eu concordo. Tenho pena também dos meus irmãos. Minha irmã de oito anos é muito estressada, não sai de casa. Aproveita pouco as bonecas e eu sinto que ela é mais feliz mesmo quando escreve. Fico besta com algumas coisas que elas escreve. Mas é só. Acho que criança tem de ter tudo no mundo, ainda mais além do que a imaginação delas, como nenhuma outra, seja capaz de alcançar.

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  2. Eu não gosto dessas datas, a não ser pelo feriado... já significaram muito pra mim, hoje passa como um dia qualquer, nem chocolate eu ganhei. Hehehe.

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