águia nordestina
a guiar meninos e meninas
como eu
comove-me vê-la
asas como velas abertas no céu
assistir teus partos
braços parcos barcos
lacrimejando portos
dando adeus
deusa d'água
iemanjá de cacimba
iansã iara minha irmã
curuminha cunhatã
meu coração
é uma cuia que transborda
um arco reteso
um bicho assustado de amor
um rumor de capim crescendo
águia nordestina
abre as asas sobre nós
meninas e meninos nus
ainda índios
para sempre teus
como filhos
novilhos
tordesilhos
mato adentro
mar afora
goytaquases
para sempre teus.
De Chico César para Maria Bethânia via email.
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