quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


De 13 escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro,
6 têm o Nordeste como assunto.
Por que será, hem?
Eu respondo: porque a cultura do Nordeste é forte (e rica) demais! Foi daqui que saíram os grandes artistas: cantores, realizadores e pensadores desse país.
É difícil engolir isso, né? Mas é fato!




Coloquei este post na minha página do Facebook dias atrás, e logo um amigo respondeu:

- não só isso, a nação, a colônia nasceu aqui, e esses pretendentes a fascistas teimam em ignorar o fato histórico, a cultura, o berço.

Aí eu passei a fazer uma série de ligações, passei a pensar tanta coisa que vem sendo amadurecida em mim em relação a política e em relação a toda a idéia de colônia.

Eu não o respondi de imediato, não queria ser leviano, ou parecer desarticulado. Fui para a cozinha: tomei café, lavei o restate da louça do almoço, fui até o quintal varri as folhas caídas dos pés de bouganville, e voltei:

Falei para ele que as relações colonizadoras existem em cada um de nós, dentro e fora do Brasil, e que não é preciso atravessar o oceano para que estas relações tomem forma. Basta termos a oportunidade de estabelecer qualquer relação de poder com alguém mais forte ou mais fraco que a gente, e logo a coisa tá feita.

Completei ainda com dois exemplos a respeito do meu trabalho:

Exemplo 01:

Há quatro anos, eu estava em um festival em Minas, na mesa no momento do jantar eu pedi uma cerveja, a curadora do festival se virou para mim e indelicadamente disse: eu não vou pagar a sua cerveja! É claro que eu respondi na lata, ali mesmo na frente de todo mundo, mas além da deselegância dela o que ficou mesmo, ainda mais claro para mim, foi a diéia de pensamento colonizador daquela pessoa, pela forma , e pela ocasião em que isso foi dito. A partir dalí eu percebi que não bastava só apresentar bem o meu trabalho, era preciso também saber me colocar poiticamente, saber do meu discurso, e principalmente, saber defendê-lo com propriedade. Os anos se passaram, e eu tenho estado atento a forma como estas relações de trabalho/políticas também, se constroem e se desenvolvem Ceará/ Brasil a fora.

Exemplo 02:

Em 2007 após a apresentação de estréia do "Produto de 1ª", dois "portuguezinhos infames" chegaram até mim e falaram: muito bom o seu trabalho, é muito inteligente para um brasileiro! E ai eu respondi: na verdade ele é muito inteligente pra quem foi colonizado por portugueses!
É, parece que quem um dia foi colonizador ainda quer pensar como tal.


Entendem onde quero chegar? Com isso eu não quero dizer que aqui é bom lá é ruim. Eu tenho muitos amigos em todas as partes do Brasil, me correspondo com pessoas de toda parte do mundo, ainda mantenho contato com vários amigos na Europa, e aquilo lá também diz respeito a mim, eu já sou um pouco de todo canto. Isso tudo é apenas para dizer que eu estou atento aos clichês que somos diariamente convidados a fazer parte. Não podemos generalizar portugueses, nem cearenses, nem mineiros, nem nada!
Mas o pensamento colonizador estar presente dentro e fora do Brasil, enraizado em cada um de nós.

Vamos ler um pouco de Milton Santos, Darcy Ribeiro... Jogar no chão o nosso complexo de Iracema, de Xica da Silva.

Antes eles nos davam 'espelhinhos', agora nos dão folosofia! Wagner Schwartz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário