segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tecido Afetivo


De que recursos dispõe uma pessoa ou um coletivo para afirmar um modo próprio de ocupar o espaço doméstico, de cadenciar o tempo comunitário, de mobilizar a memória coletiva, de produzir bens e conhecimento e fazê-los circular, de transitar por esferas consideradas invisíveis, de reinventar corporeidade, de gerir a vizinhança e a solidariedade, de cuidar da infância ou da velhice, de lidar com o prazer ou a dor?
Que possibilidades restam de criar laço, de tecer um território existencial e subjetivo na contramão da serialização e das reterritorializações propostas a cada minuto pela economia material e imaterial atual?

Texto de Peter Pál Pelbart


Usado na introdução do livro Tecido Afetivo (por uma dramaturgia do encontro), livro este que reune material do encontro de mesmo nome organizado pela Companhia da Arte Andanças (Ceará) em 2010.


domingo, 23 de janeiro de 2011

Etnoestética

Para Claude Lévi Strauss


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


Corredores de teatros com essas tubulações me fascinam, para mim é sempre mágico entrar em um teatro, em um camarim, é algo sagrado, todas aquelas luzes (que podem me deixar maravilhoso, ou acabar comigo), gosto do cheiro dos bailarinos suados (alguns me parecem deuses).
Gosto do peso das cortinas, de fazer a minha própria maquigem, de mexer os meus músculos, de controlar a minha respiração, de pensar o que vai acontecer, e de saber que nunca vou ter total controle da cena. Gosto de me sentir como um rei, gosto de caminhar pelas cochias enquanto o público entra, e dizer para mim mesmo: ok, eu estou pronto!


O palco é como uma fera que precisa ser domesticada.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

É o nu que me cai bem!

   






Tristes Tópicos

                           Guerra de pipas no céu do meu quintal,

lua tímida entre as nuvens...


Em dias como esses em que não quero dizer nada.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Antropologia Estética


Nem todas as sociedades partilham de uma mesma noção de arte. Uma discussão infindável dentro da antropologia da arte corresponde exatamente em saber o que elecar como arte. Para entender um objeto como artístico, Marcel Mauss pressupõe a arte como uma busca pelo belo, pautada em noções de rítmo, equilíbrio e contraste, resgatando da filosofia clássica a idéia da estética como uma ciência do sensível.
Mas a visão da arte sujeita ao belo não faz mais sentido visto que a própria arte contemporânea não se submete a tal sujeito. O surrealismo, o cubismo e o expressionismo há tempos desconstruíram noções de rítmo e equilíbrio. E a arte conceitual veio nos livrar dos vícios da fruição estética, mostrando que o conceito prevalece sobre a forma e o movimento.


Trecho do texto de Juliano Gadelha ( bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará, e pesquisador do Laboratório de Antropologia e Imagem - LAI).
Fonte Jornal o Povo  08/ 11/ 2009



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Manaus 2010 (segunda experiência)


2011 será um ano de muitas viagens, vou parar pouco em Fortaleza, cheguei esses dias e já estou a mil, me preparando fisicamente pra aguentar o tranco, também estou com uma pilha de livros pra estudar, acabo de ganhar um muito bacana. Abaixo alguns momentos de uma agradável estadia em Manaus, cidade que nos acolhe sempre muito bem. Na ocasião foi apresentado "Produto de 1ª", performance comigo e a diva Wilemara Barros no Festival Vazio de Performance, final de novembro de 2010.
Que venham os novos destinos!

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

É tempo de mudar as samambaias de vaso


De volta à desoladora Fortaleza Bela. Cheguei de viagem ontem a noite, é sempre tão violento voltar a Fortaleza, às vezes amo, outras odeio, às vezes a cidade me parece horrível, em outras tão bonita e excitante, uma coisa é certa: me assusta pelo tamanho e pela dureza.
Nesse momento o céu parece que vai desabar aqui, adoro esse tempo chuvoso, dia cinza, de temperatura amena (se é que isso é possível no raio dessa cidade rsrsrs). Mas não me importo nem um pouco, passei dias de sol, de luz no espírito, em Canoa e depois em Juazeiro.
Mais uma passagem de ano em Canoa Quebrada (adoro, é tão mais excitante que em Paris, e isso eu posso garantir). Comboio de carros quatro por quatro, populares, e até Kombes. Comboios de viados, sapatões, heteros, bissexuais, transgêneros, mauricinhos, patricinhas, emergentes, maconheiros, pretos, pobres, milionários, brasileiros, gringos, putas, lindos aidéticos, respeitosas famílias, e anões.
Uma verdadeira fauna desembarca em Canoa todos os anos para curtir a intensidade da vida e da luz do Ceará, e tem lugar para todos nesse pedaço de paraíso sobre a terra.
Das lembranças, dias enlouquecidos (não me drogo, por favor, mas fico bem alegrinho com umas cervejas hahaha), muita música, dança, coincidentemente o bar em que as coisas fervem, se chama “Todo Mundo”, lá é possível dançar em cima das mesas, o que acaba criando uma certa disputa de quem chama mais atenção, de quem tem mais poder na pista de dança (ops, na mesa de dança), e dá-lhe Madonna, Lady Gaga, Rihanna, Shakira, música eletrônica e bate cabelo. Pra quem quer algo mais tranqüilo, é só descer rua a abaixo, depois falésias abaixo, e lá estará o luau: clima incrível, muita gente bonita, fogueira, mar, reggae, e para os amantes m......a (e eu ainda prefiro a minha cerveja e uma boa companhia, pode ser a dos meus queridos amigos, mas geralmente vou com a minha mulher), ficamos por lá até o dia amanhecer. Isso se repete todas as noites... Na volta para dormir, o bar “Todo Mundo”, aquele das pessoas dançando sobre as mesas, ainda ferve de gente, ninguém quer dormir, ninguém quer que acabe, nem eu!
Mas enfim os dias passam, e depois de mais um réveillon Canoa volta a ser o que de verdade é: uma cidadezinha praiana a 200k de Fortaleza.
Seguimos dessa vez direto para o Juazeiro (interior do Ceará, é uma cidade já bem grandinha, tem até metrô, coisa que não temos ainda em Fortal, fica longe, de oito a dez horas de distância da capital).
No caminho, eu descortinei a paisagem do sertão com olhar que jamais havia experimentado, por do sol dourando pequenos lagos, árvores irretocáveis que de tão frondosas mais pareciam bonsais, a caatinga verde de inicio de ano exalando um cheiro de mato enquanto o vento batia no meu rosto pela janela do carro, incrível cheiro de mato! No som do carro, mais Rihanna (only girl), mais Shakira (loca), Caetano, risos, silêncio!
Os dias que se seguiram foram de intensos sentimentos (da alegria selvagem a saudade profunda). Também afirmo que passo da agonia ao êxtase, às vezes rápido demais.